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Biodiversidade brasileira: transformando a natureza em soluções de saúde

Espécies nativas podem dar origem a medicamentos, ajudando a população e a economia. Preservação do ambiente e investimento em ciência são vitais para isso

Por Carlos Zago, médico e CEO da MKM Biotech*
1 jul 2022, 14h12
foto de tubos de ensaio com planta dentro
Plantas dos biomas brasileiros são estudadas pelo seu potencial medicinal.  (Foto: GI/Getty Images)
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Quando falamos sobre a biodiversidade brasileira, a imagem que se forma em nossas mentes é, muito provavelmente, um compilado de animais, florestas e rios, dignos de um documentário sobre as belezas naturais do planeta. Porém, a biodiversidade é muito mais do que isso.

Ela é um dos mais valiosos recursos que um país detém e, nesse quesito, o Brasil tem um verdadeiro bilhete premiado nas mãos. Inclusive em relação ao potencial de soluções para a saúde.

Somos um campeão mundial de biodiversidade. Entre a Floresta Amazônica, a Mata Atlântica, o Pantanal, o Cerrado e os Pampas, encontra-se um décimo de todas as espécies do mundo. Estima-se que existam em torno de 55 mil espécies de plantas e mais de 100 mil espécies de vertebrados e invertebrados no solo brasileiro.

+ LEIA TAMBÉM: Biomas brasileiros são fontes de proteínas e fibras alternativas

Como é dito no hino nacional, nossos campos têm, sim, mais flores e nossos bosques realmente têm mais vida. E toda essa riqueza de vida natural pode se traduzir em inovação e riqueza real. Na medicina, muitos dos remédios que utilizamos vêm de compostos naturais extraídos de folhas, sementes, cascas, flores, fungos e até mesmo de outros animais.

O ácido acetilsalicílico era extraído do salgueiro; e hoje temos a versão sintética na forma de Aspirina. A penicilina vem de um fungo. E um dos remédios mais utilizados para controle da pressão arterial, o Captopril, tem seu princípio ativo derivado do veneno da jararaca (uma descoberta brasileira).

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Os chamados medicamentos da biodiversidade podem ser compostos mais próximos do produto in natura, como é o caso dos fitoterápicos, ou também podem ser estudados até que se encontre a molécula responsável pelo efeito desejado, que chamamos de princípio ativo.

Em ambos os casos, a identificação de espécies e substâncias promissoras pode gerar patentes, que são adquiridas pela indústria farmacêutica por centenas de milhões de dólares e renderão remédios para a população. Calcula-se que as aquisições de biotecnologia neste ano movimentem cerca de 1,7 trilhões de dólares.

+ LEIA TAMBÉM: Como o aquecimento global mexe com a nossa saúde

Em suma, nossa biodiversidade tem o potencial de dar origem a inúmeros novos medicamentos que poderão salvar vidas e trazer grandes dividendos para o país. Para tanto, precisamos investir cada vez mais na preservação dessas espécies de plantas e animais, bem como nos cientistas que buscam e estudam esses compostos e moléculas de maneira sustentável.

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Neste ano, iremos torcer pela nossa seleção de futebol na Copa do Mundo no Qatar, mas não vamos esquecer que a nossa biodiversidade já é uma verdadeira campeã e que podemos transformar ainda mais a natureza em saúde.

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* Carlos Zago é médico e CEO da MKM Biotech, empresa de investimentos em biotecnologia e negócios que promovam a saúde e o bem-estar

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