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Atenção primária à saúde é saída para os cuidados médicos dos brasileiros

No Dia do Médico, especialista reflete sobre a importância deste modelo de assistência que ainda engatinha no Brasil

Por Helton Freitas, médico*
18 out 2023, 10h20
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  • Na abertura dos Jogos Olímpicos, os países que sediam as competições costumam destacar características nacionais dignas de orgulho.

    Nas Olimpíadas de Londres, em 2012, foi homenageado o NHS (National Health Service), sistema público de saúde fundado em 1948 como um dos pilares de proteção social no contexto do welfare state, o Estado de bem-estar social.

    A saúde pública de qualidade foi uma das bases da reconstrução da Inglaterra no pós-guerra. Uma das principais diretrizes do NHS é a atenção primária à saúde (APS), que ainda engatinha no Brasil, tanto na saúde pública quanto na suplementar.

    Considerada a “porta de entrada” ideal para o atendimento, a APS é um conjunto de ações coordenadas de promoção da saúde, que visa o diagnóstico, a manutenção de tratamentos e o oferecimento de uma assistência integral e contínua. Esse modelo é bem representado pela figura do médico de família.

    Paralelamente, nos Estados Unidos, em 1945, o grupo Kaiser Permanente (KP) foi estabelecido. No modelo da KP, de 65% a 80% dos cuidados prestados são, em sua maioria, fornecidos por equipes de APS.

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    Em 1978, a Organização Mundial da Saúde (OMS) realizou a Conferência Internacional sobre Cuidados Primários de Saúde em Alma-Ata (hoje Almati), na então República Socialista Soviética do Cazaquistão.

    Esta conferência resultou na Declaração de Alma-Ata, marco na saúde pública global por enfatizar a importância dos cuidados primários para todos, independentemente de sua situação socioeconômica.

    Todos os países da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) adotaram essa premissa, enfatizando a APS como alicerce de seus sistemas de saúde.

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    + Leia tambémCuidado coordenado: modelo que alia a atenção primária à secundária

    A evolução acelerada da medicina traz tratamentos inovadores, especialmente para doenças raras, oferecendo esperança renovada. No entanto, esses avanços também trazem riscos quando utilizados sem a devida racionalidade técnica.

    Mas se a APS é “uma velha novidade” bem-sucedida em vários países desenvolvidos já utilizada há décadas no Sistema Único de Saúde, por que ainda não vingou completamente no Brasil? Há uma inclinação para consultar diretamente especialistas, deixando de lado o médico de família, que deveria ser o primeiro contato.

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    Esta abordagem fragmentada retarda ou complica o diagnóstico e tratamento adequados. Há ainda outro ponto a ser desmistificado de que APS é apenas uma estratégia de corte de gastos.

    Ela, acima de tudo, visa a entrega de valor em saúde, com um modelo centrado na efetiva jornada do paciente, para atendê-lo de forma oportuna e integral.

    A crescente incidência de problemas de saúde mental, por exemplo, destaca a necessidade de um acompanhamento longitudinal, consistente e personalizado. Sem a relação estreita médico-paciente, como podemos rastrear adequadamente a evolução desses casos?

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    O tratamento precoce e o monitoramento contínuo, características da APS, são fundamentais para abordagens bem-sucedidas, evitando agravamentos e complicações futuras.

    Vamos aproveitar o Dia do Médico, celebrado neste 18 de outubro, para reafirmar nosso compromisso com a saúde e o papel essencial dos médicos na transformação e no fortalecimento do cuidado com o paciente.

    *Helton Freitas é médico, presidente da Seguros Unimed e da Fundação Unimed, e diretor-geral da Faculdade Unimed

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