Apesar de o consumo do cigarro tradicional ter caído nas últimas três décadas, estamos longe de derrotar esse velho inimigo. O cigarro continua sendo um vício para muitos, só que agora no formato eletrônico (ou vaper) – que é proibido, mas acessível no mercado paralelo – ou na versão narguilé. Essas duas formas de fumar viraram moda entre jovens, e erroneamente são classificadas como menos agressivas à saúde por seus defensores.
Dentre os malefícios do tabagismo temos as doenças cardiovasculares, diferentes tipos de cânceres e os irreversíveis danos que levam à insuficiência respiratória, caso da doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), que ocupa a terceira causa de morte no mundo e registra alta incidência no Brasil, gerando um óbito a cada 15 minutos no país.
Os sinais da DPOC
Em geral, ela começa com tosse, falta de ar e expectoração. Porém, os fumantes subestimam esses sinais, acham que são efeitos insopitáveis do tabagismo, do envelhecimento ou do próprio ganho de peso.
Com o tempo, a falta de ar aumenta, debilitando o paciente. Ele passa a ter dificuldade para realizar várias tarefas, como tomar banho, subir escadas e desempenhar outras funções, levando, assim, a limitações laborativas e privação do convívio social.
No avanço da doença, surgem, então, infecções recorrentes, como a pneumonia, e exacerbações dos sintomas, que causam maior número de internações hospitalares.
Muitas vezes, a dificuldade da troca gasosa é tão intensa que o paciente passa a necessitar de suplementação de oxigênio regular.
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O tratamento
Embora a DPOC não tenha cura, a medicina avançou em seu tratamento. Há medicamentos broncodilatadores que são capazes de melhorar a função pulmonar, evitar exacerbações, além de aumentar a sobrevida e a qualidade de vida do paciente.
Inclusive, existem opções que associam três substâncias num único dispositivo inalatório, o que traz praticidade e maior adesão dos pacientes à terapia.
Vale destacar que o cigarro não é único motivo por trás da DPOC, embora seja o principal: a DPOC também está vinculada à inalação de outras substâncias tóxicas, como a exposição à fumaça de biomassa (lenha, carvão vegetal) e à poluição do ar.
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No Brasil, em especial, existe o hábito de uso do fogão à lenha, prejudicial à saúde do pulmão – tanto de adultos como de crianças que crescem nessas perigosas condições.
Enfim, estamos longe de trafegar por um céu de brigadeiro. Ainda seremos redundantes e falaremos de tabagismo de forma incansável.
Cabe a todos uma consciência crítica para ficarmos longe desse vilão – em seus vários formatos.
Precisamos conhecer e cuidar melhor da saúde do nosso pulmão. Nossos hábitos farão a diferença nessa guerra.
*Clystenes Odyr Soares é pneumologista e professor da Universidade Federal de São Paulo