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A neuromielite óptica está mais perto do que você imagina

Estudo coloca o Brasil como o segundo país com maior prevalência da doença no mundo; entenda o quadro, que causa vários sintomas neurológicos

Por Marco Aurélio Lana, neurologista*
11 mar 2023, 09h48

Você já ouviu falar sobre a esclerose múltipla (EM)? Poderíamos considerar a neuromielite óptica como uma “irmã” da EM por causa dos ataques recorrentes dos sintomas neurológicos.

Assim como a esclerose múltipla, a neuromielite óptica – mais popularmente conhecida pelas iniciais NMO – é uma doença inflamatória autoimune que atinge diretamente o sistema nervoso central, causando uma variedade de sintomas neurológicos.

Pesquisas recentes demonstram, no entanto, que embora a NMO tenha sido por muito tempo considerada uma variante da EM, as duas doenças têm natureza e mecanismos diferentes. Até por conta disso, cada uma deve ser tratada com medicamentos específicos.

Esse é um conceito muito importante, afinal, o tratamento da esclerose múltipla pode ocasionar piora da neuromielite óptica, com ataques mais frequentes e mais graves. Daí a importância da diferenciação entre elas.

Para distinguir uma da outra, é preciso recorrer a história clínica, exame físico, exames de ressonância magnética e testes laboratoriais específicos.

Os ataques da neuromielite óptica podem ter extrema gravidade, devido ao alto risco de cegueira, incapacidade física permanente e mesmo de morte por paralisia da musculatura respiratória.

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+ Leia também: NMO: do baque do diagnóstico à esperança que nos move

As origens do problema

A doença ocorre por ataques à antiaquaporina-4, uma proteína presente nos astrócitos (um tipo de célula do sistema nervoso), e que tem por função o transporte de água dos vasos sanguíneos às células nervosas.

Algumas áreas do sistema nervoso, como os nervos ópticos e a medula espinhal, apresentam elevada concentração dessa proteína, sendo, portanto, mais vulneráveis aos ataques da doença.

Os principais sintomas

A característica principal da neuromielite óptica é a recorrência de ataques de perda da visão por inflamação dos nervos ópticos (neurite óptica), de fraqueza muscular, dificuldade de caminhar, alterações da sensibilidade, perda de controle da bexiga e do intestino (mielite).

Pode haver ainda episódios de náuseas, soluços e vômitos que persistem por dias ou semanas, ocasionando desidratação e desnutrição.

+ Leia também: Doenças raras podem ser mais comuns do que se imagina

A maioria dos pacientes é do sexo feminino

A neuromielite óptica atinge com mais frequência as mulheres, em uma proporção de 6 a 10 para cada homem.

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A doença predomina em adultos jovens entre 30 e 45 anos, embora possa se iniciar em qualquer idade – desde crianças até pessoas mais idosas.

O paciente mais novo que chegamos a registrar no Centro de Investigação em Esclerose Múltipla (CIEM), da Universidade Federal de Minas Gerais, em Belo Horizonte, foi um bebê que iniciou a doença aos 8 meses de idade, enquanto o mais idoso desenvolveu a doença aos 79 anos.

Esses casos ilustram como a conscientização sobre a NMO, neste Março Verde, é importante, uma vez que estamos todos, em qualquer fase da vida, suscetíveis a essa doença que merece maior atenção do sistema público de saúde (SUS).

Use a caixa de busca ou clique no índice para encontrar o verbete desejado:

Doença é prevalente no Brasil

Um dos poucos estudos sobre a doença no Brasil foi realizado em Belo Horizonte, por nossa equipe do CIEM – Centro de Investigação em Esclerose Múltipla da Universidade Federal de Minas Gerais, em parceria com o Comitê Brasileiro de Tratamento e Pesquisa em Esclerose Múltipla (BCTRIMS).

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Nesse estudo, conseguimos demonstrar uma taxa assustadora da prevalência da doença em nosso país.

O número encontrado em Belo Horizonte foi de 4,5 casos para cada 100 mil habitantes, representando a segunda taxa mais alta na esfera global.

Falta de acesso a cuidados é preocupante

Porém, nossa maior preocupação não é o número elevado de casos em nosso país, mas a falta de acesso de nossa população aos meios de diagnóstico e a seu tratamento, ainda não disponibilizados pelo SUS.

Diariamente, atendemos pacientes que não têm condições financeiras de realizar exames para confirmação do diagnóstico da doença e, menos ainda, de adquirir os medicamentos para o seu tratamento.

Embora a doença ainda não tenha cura, a confirmação de seu diagnóstico e o início do tratamento precoce diminuem o risco de novos ataques e de novas sequelas.

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Para ter uma ideia do custo do tratamento da NMO, basta verificar os preços dos remédios mais usados no Brasil.

Os medicamentos imunossupressores menos eficazes custam em torno de R$ 2 400,00 a R$ 8 mil por ano, enquanto os medicamentos biológicos, mais modernos e com maior poder de prevenção de novos ataques da doença, tem custo anual entre R$ 45 mil a R$ 2 milhões.

Esse ônus financeiro está muito além do poder aquisitivo de nossa população.

Como especialista na área, atendendo diariamente pacientes com NMO, espero que o Março Verde contribua para que a sociedade sinta a proximidade da neuromielite óptica e o perigo que ela representa.

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O fortalecimento da disposição de luta pelo direito constitucional à saúde certamente provocará mudança de nosso cenário atual.

A disponibilização pelo SUS dos exames que possibilitam o diagnóstico da doença e dos medicamentos que mais efetivamente a controlam reduzirá substancialmente a recorrência dos ataques, afastando dos lares brasileiros a ameaça da cegueira e paralisia.

*Marco Aurélio Lana é neurologista, professor titular da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Coordenador do Centro de Investigação em Esclerose Múltipla (CIEM UFMG) e Presidente do Conselho Diretor do Comitê Brasileiro de Tratamento e Pesquisa em Esclerose Múltipla (BCTRIMS).

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