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A jornada de quem tem leucemia e os novos tratamentos que favorecem a cura

No Fevereiro Laranja, médico destaca as terapias-alvo, que beneficiam pacientes que antes não conseguiam chegar ao transplante de medula óssea

Por Eduardo Rego, hematologista*
Atualizado em 29 Maio 2023, 12h57 - Publicado em 24 fev 2022, 10h44
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  • Atualmente, mais da metade dos cânceres têm chance de cura desde que diagnosticados precocemente. Essa é uma ótima notícia, pois a medicina tem avançado bastante na área da oncologia.

    O problema é que o diagnóstico precoce ainda é um grande desafio – falta de informações, dificuldades de acesso aos exames de rastreamento e até o fato de muitos cânceres terem evolução assintomática ou apresentarem sintomas inespecíficos podem dificultar a descoberta da doença em seu início.

    Neste mês, a campanha Fevereiro Laranja alerta especificamente para leucemias e a importância da doação de medula óssea.

    + LEIA TAMBÉM: Doação de medula óssea: os bancos precisam de jovens adultos

    O que é a leucemia

    De origem desconhecida, trata-se de uma doença maligna dos glóbulos brancos – as células de defesa do nosso organismo – e que tem como principal característica um crescimento desordenado de células doentes, que substituem as células sanguíneas normais.

    Existem mais de doze versões de leucemia, que se diferenciam de acordo com a velocidade de progressão do quadro ou do tipo de célula comprometida.

    Dentre elas, a mais grave e de rápida progressão é a leucemia mieloide aguda (LMA), que acomete principalmente idosos – um perfil de paciente que, muitas vezes, apresenta mais doenças associadas.

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    Como acontece com toda doença, o diagnóstico precoce da LMA pode fazer grande diferença na jornada do paciente. Sendo assim, é importante estar atento a sinais e sintomas como anemia, cansaço, palidez e fadiga, queda de imunidade, infecções persistentes, febre, hematomas, sangramentos espontâneos ou manchas vermelhas na pele.

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    O tratamento

    Cerca de 50% dos pacientes de LMA acima dos 60 anos são resistentes à quimioterapia inicial. Além disso, entre 50% e 70% dos indivíduos com a doença sofrem com o reaparecimento de células doentes, processo chamado de ‘recidiva’.

    Isso afeta significativamente as escolhas terapêuticas e até mesmo a realização do transplante de medula óssea, que é a melhor chance de cura do paciente.

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    Por isso, quanto mais soubermos sobre a pessoa e o tipo da sua doença, melhor a avaliação de risco de acordo com a sua realidade.

    O diagnóstico correto pode ser feito inicialmente por meio de um exame simples de sangue – hemograma – e seguido pela realização de testes moleculares e genéticos.

    Esses testes são capazes de identificar o subtipo da doença e definir um tratamento personalizado, visando levar o paciente ao transplante de medula óssea de modo mais seguro e, eventualmente, à cura da doença.

    + Vídeo: Entendendo os transplantes de medula óssea

    Alguns subtipos desse câncer podem afetar o prognóstico do paciente, porque infelizmente são caracterizados por uma evolução mais severa. É o caso daquele com mutação no gene FLT3. A boa notícia é que, nos últimos quatro anos, opções de tratamento revolucionaram o tratamento dos pacientes.

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    Hoje, eles podem contar com quimioterapia, terapia biológica e terapia-alvo – medicamentos que atacam especificamente as células cancerígenas, provocando pouco danos às células normais, menos efeitos colaterais e aumento de sobrevida e qualidade de vida – para que, finalmente, seja realizado o transplante de medula óssea (TMO).

    Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), para cada ano do triênio 2020/2022, serão diagnosticados mais de 10 mil novos casos de leucemia.

    Mas, atualmente, felizmente temos novas tecnologias para combater essa doença de tratamento complexo. Estar atento aos sinais da doença e buscar ajuda ao desconfiar de que há algo errado são, sem dúvida, os passos mais importantes no caminho contra esse câncer.

    *Eduardo Rego é hematologista, professor titular da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e vice-presidente do Comitê de Membros Internacionais da American Society of Hematology – ASH

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