Se em décadas passadas havia um verdadeiro temor em relação à possibilidade de contrair HIV durante uma relação sexual, hoje em dia as novas gerações parecem ter relativizado esse medo.
Prova disso é a queda significativa no uso de camisinha entre os jovens. O fenômeno se dá principalmente pelo fato de os tratamentos atuais permitirem viver bem e saudável com o vírus por décadas, algo impensável nos anos 1980.
Mas quais são as consequências desse comportamento? E como fica o cenário de prevenção e controle do HIV em tais circunstâncias?
A primeira implicação é a disseminação de outras infecções sexualmente transmissíveis (ISTs). No geral, mais de um décimo dos homens no Brasil já contraíram ISTs, e as taxas de transmissão de doenças como sífilis vem aumentando ano a ano. Esses dados indicam a necessidade de maior cuidado com as relações sexuais.
De volta ao HIV, as estimativas apontam que aproximadamente 50 mil brasileiros se infectam ao ano com o vírus, totalizando mais de 950 mil pessoas vivendo com ele no país.
O boletim oficial mais recente mostra uma queda de 20% dos novos casos entre 2019 e 2020. Porém nem tudo é motivo de comemoração.
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O que se observa é que populações mais vulneráveis seguem acometidas de forma desproporcional. Nos últimos dez anos, enquanto a taxa de infecção caiu entre brancos, ela subiu mais de 10% entre negros.
Além disso, pessoas trans seguem com um risco muito mais elevado de se contaminar. E o fato mais grave: a mortalidade pelo vírus segue alta entre pessoas com maior vulnerabilidade social.
A explicação é a falta de informação e de acesso a serviços de saúde. Pessoas vivendo com o HIV sob controle pelo uso de medicações, além de se manterem saudáveis, não transmitem o vírus para outras pessoas, o que cria círculos de maior segurança dentro dessa comunidade.
Fora isso, o uso diário de medicações para prevenir a transmissão do HIV, a chamada PrEP, é uma forma eficaz de evitar a infecção, mas seu uso no Brasil ainda é restrito e acontece principalmente nos grandes centros e entre pessoas de maior escolaridade, apesar de disponível gratuitamente no SUS.
De forma estrutural, nosso sistema público de saúde oferece ferramentas para o controle e a prevenção do HIV, mas o principal problema tem sido essas estratégias penetrarem as populações mais vulneráveis, seja por falta de informação e de acesso aos recursos, seja por discriminação e preconceito.
Para se blindar do vírus, o conselho que segue atual é fazer exames periodicamente e evitar o risco de transmissão por meio de sexo desprotegido (e com parceiros desconhecidos) e compartilhamento de seringas, além de aderir à PrEP, quando ela for aplicável.