Você se recorda de quantas vezes já caiu na vida? Durante a infância é muito frequente sofrermos quedas. Podemos sair doloridos e até mesmo fraturar um osso, mas costumamos nos recuperar sem grandes danos e seguir em frente. Até nos esquecemos do que aconteceu.
Essa capacidade de cair, levantar e seguir em frente com facilidade pode mudar à medida que envelhecemos. Quando nos tornamos idosos, temos menos equilíbrio e força muscular, nossos reflexos estão alterados e os tombos se tornam mais comuns.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), estudos indicam que a prevalência de quedas, pelo menos uma vez ao ano, gira entre 30 e 60% na população com mais de 65 anos que vive na comunidade.
A situação piora quanto mais velhos somos. Em pessoas acima de 80 anos de idade, a prevalência é ainda mais alta e a mortalidade associada a quedas chega a ser seis vezes maior.
O trauma gerado pela queda, a fratura, é a quinta principal causa de morte em indivíduos a partir dos 65 anos. Também é responsável por 70% das mortes acidentais quando pensamos em pessoas com mais de 75 anos. Complicações como pneumonia, infarto e embolia pulmonar são mais frequentes em idosos que sofreram fratura de quadril ou fêmur.
Quedas à espreita
Afinal, por que os idosos tendem a cair mais? As causas são várias e incluem aspectos como comprometimento da marcha e das habilidades cognitivas, dificuldade de enxergar, mobilidade reduzida por perda muscular, uso de medicamentos inapropriados, presença de diversas doenças simultaneamente (caso de diabetes, artrose, osteoporose, Parkinson…), além de desajustes ambientais, como falta de iluminação, chão escorregadio, degraus e objetos no caminho — algo que pode se aplicar à casa ou às ruas mesmo.
Além disso, a própria queda é um fator de risco para se cair de novo. Estima-se que 60% a 70% dos idosos que já sofreram um tombo apresentam alta probabilidade de vir ao chão mais uma vez. Geralmente, isso ocorre seis meses depois do primeiro evento. E o risco perdura por pelo menos dois anos.
Nesse cenário, o próprio medo de cair novamente pode prejudicar as coisas. Esse tipo de reação pós-queda é até esperado, mas é preciso trabalhá-lo, o que inclui iniciar uma avaliação global dos fatores de risco para acidentes similares e a reabilitação física quanto antes.
Claro que, quanto maior a debilidade física e mental, maior a propensão a cair e sofrer as complicações — que vão desde hematomas cerebrais por contusão a depressão. Devemos lembrar, ainda, que as quedas limitam a autonomia, podendo levar a necessidade de institucionalização, maior demanda por serviços especializados e maiores gastos com os cuidados em saúde.
Dá pra prevenir? Sim, senhor(a)!
Existem algumas medidas que, uma vez instituídas, reduzem efetivamente o risco de quedas e favorecem um envelhecimento com maior independência e qualidade de vida. Listo algumas das principais:
- Pratique exercícios físicos no dia a dia, especialmente os de manutenção da força muscular (exemplo: musculação).
- Levante-se, da cama ou mesmo do sofá, em etapas. E tenha cuidado ao movimentar o corpo na hora de se sentar, levantar ou trocar de lugar. Se necessário, use um apoio para ter mais firmeza e segurança.
- Instale barras laterais em banheiros e em outros locais estratégicos do domicílio, como corredores. O ambiente pode e deve ser modificado para diminuir o risco de quedas.
- Redobre esses cuidados caso esteja em tratamento médico e fazendo uso de remédios. Alguns medicamentos têm efeitos colaterais que deixam a pessoa mais sujeita a tombos — entram aqui comprimidos para depressão, pressão alta e problemas de sono.
- Evite usar roupas e calçados folgados e os modelos abertos na parte de trás do pé.
- Em casa, não deixe objetos (tapetes, brinquedos etc) pelo chão nem móveis pelo caminho. E priorize pisos antiderrapantes.