Facelift na faixa dos 30 anos: é recomendado?
Artistas jovens realizaram a intervenção cirúrgica, mas fica a dúvida sobre a real indicação

A relação das pessoas com intervenções estéticas vem claramente mudando.
Por muito tempo, era de praxe negar procedimentos e cirurgias – tudo era feito às escuras, escondido, sem ninguém saber.
Infelizmente, ainda hoje vemos corpos hormonizados e cheios de intervenções sendo usados para vender suplementos e dietas que nunca vão levar aquele resultado – fato.
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Mas essa não é a única forma de promover a própria imagem.
Postar fotos e vídeos fazendo botox, bioestimuladores ou lasers virou sinal de autocuidado, amor próprio e, lógico, status.
No lugar de intervenções drásticas, o movimento quiet beauty foi ganhando espaço: quanto mais natural, melhor.
Esse contraste de possibilidades, no entanto, vem gerando contornos confusos. A começar pela superexposição: mês passado, a influenciadora Lica Lopes (mãe da tiktoker e ex-BBB Vanessa Lopes) movimentou a internet após fazer uma ninfoplastia, cirurgia para melhora estética da parte íntima, e exibir o antes e depois nos stories do Instagram.
Muita gente encarou a atitude como autenticidade, normalização da saúde íntima, mas ela também foi bastante criticada por ter “ultrapassado os limites” e exibir a vulva “sem pudor”, resultando na exclusão da postagem.
Nesse contexto, o que vem gerando burburinho atualmente são os “transplantes de rostos” das artistas. Na mesma semana, a cantora Anitta e a atriz norte-americana Emma Stone apareceram com faces novas, e a trend #DebutNewFace viralizou.

Acredita-se que as duas passaram pela mesma cirurgia, o lifting facial, mas com objetivos (e resultados) diferentes.
E um dos grandes questionamento se deu pela idade, já que as duas estão na faixa dos 30 anos, e essa cirurgia era mais comum entre os 50 e 60 anos. Afinal, já há o que levantar numa idade tão mais jovem? É normalização ou banalização?
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Facelift: o que é e a evolução dessa cirurgia
O lifting facial é uma cirurgia plástica que visa corrigir flacidez da pele, rugas e perda de contorno do rosto, sinais típicos do envelhecimento.
É possível remodelar muitos desses aspectos com procedimentos menos invasivos, mas, quando há muita sobra de pele, rugas profundas e é preciso reposicionar estruturas e tecidos subjacentes como músculos e gordura, o lifting cirúrgico é o mais indicado.
Para que tudo isso ocorra da forma mais natural, o procedimento vem se aprimorando bastante nas últimas décadas: “Inicialmente, as cirurgias de Facelift faziam uma tração apenas da pele, com resultados artificiais, pouco duradouros e frequente alargamento de cicatrizes”, afirma a médica Gabriela Schwartzmann, membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP).
“Posteriormente, a tração então passou a ser feita no SMAS (camada de tecido que envolve os músculos faciais e é crucial para a sustentação), e todas as técnicas atualmente realizadas se baseiam em diferentes tipos de tração dessa estrutura anatômica, promovendo resultados melhores e mais duradouros”, explica a cirurgiã.
Como a médica mencionou, hoje existem diversas técnicas, e resultados cada vez mais expressivos têm aparecido na mídia. O mais famoso deles, talvez, tenha sido o da influenciadora Kris Jenner, atualmente com 69 anos.

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Menos preenchedor e mais cirurgia
A harmonização facial, com muito ácido hialurônico acumulado, ficou para trás. Muita gente jovem chegou a fazer essas intervenções, mas o que se vê hoje são as pessoas tirando o excesso e remodelando o rosto com cirurgias.
“Os procedimentos estéticos apresentam uma sazonalidade muito influenciável. Após a onda de harmonizações exageradas, observamos agora a reversão desses procedimento, muitas vezes cursando com uma face que foi desinsuflada e precisa ser tratada. Com isso estamos observando uma aceitação maior dos procedimentos cirúrgicos”, aponta Schwartzmann.
Dois casos já clássicos que ilustram essa tendência: Demi Moore e Lindsay Lohan.


“Os resultados dependem da boa indicação e realização da cirurgia em si, assim como dos cuidados pós operatórios”, relembra a cirurgiã.
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Facelift aos 30 anos: é indicado?
Os casos de Kris Jenner e Demi Moore são impressionantes, mas dá para considerar que a indicação do procedimento foi bem precisa, devido a idade e o estado de seus rostos antigos.
Lindsay Lohan, aos 39 anos, abriu uma porta para que procedimentos invasivos de rejuvenescimento sejam feitos numa idade muito mais jovem.
O caso que chocou a internet na semana passada foi o de Emma Stone, 36, que também fez retoques perceptíveis na feição.

Notou-se que as sobrancelhas parecem mais elevadas e há maior visibilidade das pálpebras superiores, além de o contorno geral da parte média do rosto parecer mais jovem.
As suposições são de blefaroplastia combinada com um lifting endoscópico : técnica que, usando uma pequena câmera, os cirurgiões podem fazer pequenas incisões (normalmente escondidas na linha do cabelo ou dentro da boca) para reposicionar tecidos com precisão.
No caso de Anitta, especula-se que ela fez um babyface lifting (talvez também usando a técnica do lifting endoscópico), remodelando olhos, boca e contorno facial para que seu rosto aparente mais jovem.
Com a trend de debutar um novo rosto viralizando, transformações como a de Kelly Osbourne voltaram à tona.

“A indicação de lifting facial em pessoas muito jovens ainda é controversa, mas lifting endoscópico e em casos de desinsuflação da face são mais indicados, a depender de cada caso”, pontua Schwartzmann.
Tendo boa indicação ou não, é preciso lembrar que a cirurgia precisa ser feita com muita segurança e por bons profissionais para que resultados como os de cima sejam alcançados.
De toda forma, envelhecer parece ter se tornado cada vez mais um vilão a ser combatido, principalmente para as mulheres.
A Substância nunca foi tão real.