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A promessa dos biossimilares no tratamento do câncer de mama

Médica argumenta que a chegada desses novos tipos de medicamentos poderão trazer mais acesso a pacientes e economia ao país

Por Dra. Carolina Martins Vieira, oncologista*
29 jul 2019, 18h35

Ainda que as chances de cura de uma mulher que detecta o câncer de mama em fase inicial cheguem a 90%, no Brasil a realidade das pacientes não é tão otimista assim. Isso porque a maioria inicia o tratamento oncológico quando o tumor se encontra em estágio avançado ou até mesmo metastático, momento em que já se espalhou para outros órgãos do corpo.

De acordo com um estudo recém-publicado por pesquisadores brasileiros na revista científica The Lancet, baseado em um programa criado pelo Ministério da Saúde, no período de 2001 a 2014, ocorreram cerca de 247 mil casos de câncer de mama no país, sendo 40% em fases avançadas.

Dados coletados no Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais evidenciam os grandes obstáculos enfrentados pelas pacientes com a doença para receber o tratamento no SUS. Eles vão da demora em si, que chega a 80 dias para liberação de um laudo de biópsia, a longas filas para realização de radioterapia. São atrasos prejudiciais ao tratamento e que podem diminuir as chances de cura.

No entanto, se antes um prognóstico de metástase soava como o fim da vida, hoje o cenário é diferente. As opções de tratamento estão mais eficazes e, embora a doença em fases avançadas possa ser incurável, a paciente já pode conviver com o câncer por muito tempo, mantendo qualidade de vida e autonomia.

O grande desafio é permitir às pacientes da rede pública acesso a medicações tão inovadoras como na rede privada. É dentro desse contexto que os medicamentos biossimilares podem se tornar uma alternativa promissora no país.

Quando falamos em biossimilares, nos referimos a produtos biológicos com custo menor e altamente semelhantes aos medicamentos originais de referência. Para seu desenvolvimento e liberação, são considerados dois pontos fundamentais: a qualidade do fármaco, que tem de ser rigorosamente comprovada por meio de extensivos estudos de comparação avaliando aspectos clínicos e não clínicos, e a questão econômica.

Um exemplo é o biossomilar do remédio trastuzumabe, recentemente aprovado pela Anvisa e que será comercializado por meio da parceria entre a indústria farmacêutica brasileira Biomm e a sul-coreana Celltrion Healthcare (CHTC). Trata-se de um anticorpo humanizado que, uma vez injetado no organismo, tem pouco efeito nas células sadias, mas apresenta a capacidade de bloquear a multiplicação de células cancerosas que apresentam grande quantidade de HER2 (proteína que atua na progressão das células mamárias doentes).

O medicamento é utilizado para o tratamento do câncer de mama em estágio inicial e metastático, e em diferentes fases da doença, podendo ser empregado antes ou após cirurgia, associado a quimioterapia, hormonioterapia ou a outro anticorpo, com possibilidade de administração inclusive durante a radioterapia. Além disso, o trastuzumabe pode ser usado em pacientes com câncer de estômago metastático com expressão da proteína HER 2, em combinação com quimioterapia.

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No momento em que medicamentos com custo mais baixo do que os de referência entram no mercado, é esperado que a competição entre essas drogas estimule a baixa de preços aplicados, sendo favorável tanto para a saúde suplementar quanto para o SUS. A incorporação no sistema público viabilizaria um melhor gerenciamento dos custos de saúde e até mesmo a aquisição de outros tratamentos, redirecionando a quantia economizada para a compra de novas linhas terapêuticas.

Em relação aos biossimilares, estima-se que eles podem chegar 30% mais baratos que o medicamento de referência. Do ponto de vista numérico, a verba que é aplicada para tratamento de quatro pacientes poderia beneficiar cinco, sem perder a eficácia, a segurança e a resposta em sobrevida.

Embora o câncer de mama seja o tumor mais comum em mulheres e ainda seja diagnosticado tardiamente em boa parte das brasileiras, existe uma grande expectativa em relação à fabricação nacional de novas medicações, o que promoveria maior acesso a tratamentos cientificamente eficazes. Além da chegada dos biossimilares, uma maior abertura de estudos clínicos no país certamente aprimoraria o desenvolvimento e a acessibilidade a essas novas tecnologias.

* Dra. Carolina Martins Vieira é oncologista e médica do Núcleo de Hematologia e Oncologia do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais 

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