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Vacina contra o câncer

SAÚDE! mostra como os médicos veem o tratamento que promete enfrentar outros tipos do problema e inaugurar uma nova era na oncologia

Por Redação M de Mulher
Atualizado em 27 out 2016, 20h17 - Publicado em 16 set 2013, 22h00


Mais um grande passo foi dado na guerra ao mal por trás de pelo menos 8 milhões de baixas na humanidade todo ano. A FDA, agência que regula os medicamentos nos Estados Unidos, deu sinal verde para a primeira vacina terapêutica contra o câncer. Produzido pelo laboratório americano Dendreon, o armamento se destina, por enquanto, a homens com tumor de próstata avançado. “É a validação do conceito de imunoterapia, uma estratégia de aperfeiçoar as defesas do corpo para atacar tumores”, afirma o oncologista Philip Kantoff, do Instituto de Câncer Dana-Farber, líder do estudo com 512 pacientes que legitimou a vacina.

“Ela aumenta de quatro a cinco meses a sobrevida dos doentes, o que é significativo quando a doença está mais adiantada”, comenta o urologista Gustavo Guimarães, do Hospital A.C. Camargo, em São Paulo. De acordo com ele, num estágio um pouco mais avançado, a quimioterapia garante um fôlego extra de três meses ao paciente. Uma das vantagens, aliás, é a carência de efeitos colaterais expressivos, que se limitam a fadiga e dores de cabeça nos primeiros dias após a aplicação. Nada de náuseas e queda de cabelo, como na químio.
 
Até agora, a indicação se restringe a pacientes com metástase — ou seja, quando a doença já está disseminada pelo corpo —, poucos sintomas e sem resposta à terapia hormonal, normalmente convocada nessa fase. “É provável que as vacinas sejam ainda mais eficazes em tumores menores”, acredita o médico e doutor em biotecnologia Fernando Kreutz, diretor da FK Biotec, companhia gaúcha pioneira em pesquisas com imunoterapia no Brasil. Por uma questão de ética, porém, os testes sempre começam pelos doentes mais comprometidos.
 
Além da próstata, tumores em outros cantos do corpo estão na pontaria das vacinas. Trabalhos recentes autenticaram a eficiência de versões contra o melanoma, o câncer de pele mais agressivo, e o linfoma, que mina o sistema linfático. “Com o reforço ao sistema imune, a velocidade de crescimento da doença diminui”, avalia o imunologista José Alexandre Barbuto, da Universidade de São Paulo, que comanda estudos com imunoterapia contra melanoma e câncer de rim. “Nosso método é semelhante ao da vacina americana, mas usamos células de defesa extraídas de pessoas saudáveis e a injeção é feita na própria pele”, diz.
 
As vacinas terapêuticas ainda enfrentam dificuldades que esbarram na engenhosidade do câncer, doença que varia muito de pessoa para pessoa. “É possível controlar a produção da vacina, mas não conseguimos fazer o mesmo com a sua resposta dentro do corpo”, analisa Débora. “As células cancerosas costumam ser diferentes entre si, o que dificulta seu reconhecimento pelas defesas.” A esperança é vencer os desafios impostos por uma doença mutante por natureza. “Contra o câncer não dependemos de uma única arma, e as vacinas terão um papel a cumprir”, prevê Murad. Nessa guerra, todo apoio será bem-vindo.
 
Vacinas terapêuticas
 
Como o nome sugere, em vez de prevenir, elas buscam tratar uma doença. São obtidas de diversas formas, mas a missão em comum é ajudar o sistema imunológico a reconhecer o mal – no caso, as células do câncer – e bombardeá-lo. Esse tipo de vacina sempre exige uma série de aplicações e costuma ser injetado na pele ou na veia.
 
Vacinas preventivas 
 
São aquelas tradicionais, que você conhece. Elas impedem o ataque de vírus ou bactérias. Esses micro-organismos – ou pedaços deles – são atenuados ou inativados e, depois, injetados dentro do corpo. Uma vez ali, despertam uma reação do sistema imune, que cria anticorpos para evitar a invasão dos malfeitores de verdade. Os imunizantes são administrados por injeções ou em gotinhas.
 

Como nasce e atua a vacina

A terapia desenvolvida nos Estados Unidos se vale de células de defesa do próprio paciente, que são alteradas em laboratório e reintroduzidas por via intravenosa. Os médicos aplicam três doses no intervalo de duas semanas cada uma. 
 
1. Uma amostra do sangue do paciente é colhida. No laboratório, o líquido passa por um processo que serve de peneira para separar apenas a fração de glóbulos brancos, as células de defesa. Entre elas, são selecionadas aquelas que se transformarão mais tarde em células dendríticas, cuja função é delatar a presença de problemas ao sistema imune.
 
2. Em um meio de cultura, elas são apresentadas a um antígeno da próstata – molécula que está em alta concentração no tumor – e a uma substância que estimula sua atração por esse antígeno. No cultivo, nascem e multiplicam-se células capazes de reconhecer o sinal do câncer.
 
3. As novas células são injetadas na veia do paciente e viajam pelo sangue até a próstata e os locais onde a doença se instalou. Mais certeiras, reconhecem as células cancerosas que apresentam o antígeno. Diante disso, avisam os linfócitos citotóxicos, batalhão que se encarrega de atacar o tumor.
 

Prevenção na ponta da agulha

Já existem vacinas capazes de evitar o surgimento de um câncer ou, como preferem os médicos, reduzir o risco da doença. Na verdade, o que ocorre é uma prevenção indireta. “Contamos com imunizantes contra o vírus da hepatite B, micro-organismo que pode levar ao câncer de fígado, e o do HPV, responsável pelos tumores de colo de útero”, lembra o oncologista André Murad, da Universidade Federal de Minas Gerais. Nos dois casos, os vírus provocam lesões nos órgãos, que favorecem o aparecimento e a evolução da enfermidade.

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