O coração é uma das principais vítimas da pressão descontrolada. No aperto, as artérias, como as coronárias, falham ao irrigá-lo, o que prejudica sua oxigenação. Com o trabalho excessivo e sem a compensação que uma circulação normal lhe daria, o músculo cardíaco sofre e a dor pode aparecer, beirando o insuportável: é a angina. O passo seguinte pode levar a danos incontornáveis. É o infarto propriamente dito.
Nesse roteiro assustador, a hipertensão dificilmente atua sozinha. Ela costuma ter parceiros bem eficientes em matéria de estragos cardíacos. Quando eles se juntam, dão origem a um pacote de riscos batizado de síndrome metabólica. Além da pressão na estratosfera, a gente vê se elevarem o colesterol, os triglicérides, a gordura abdominal e a glicemia.
O trabalho dos malfeitores é orquestrado. A pressão descontrolada toma a dianteira e causa umas arranhaduras nas paredes internas dos vasos, o endotélio. O colesterol se aproveita para se instalar nessas aberturas, bem como substâncias inflamatórias. Se há glicose dando sopa, há mais lenha na fogueira. É que tudo isso leva à formação de placas que, com o tempo, começam a atrapalhar a passagem do sangue. Esse emaranhado de partículas vai crescendo até que o fluxo sanguíneo é totalmente interrompido.
Quando isso ocorre nas coronárias, que abastecem o coração, o músculo cardíaco começa a reclamar. Se o sangue não chega ali, partes do órgão morrem com a falta de oxigenação. É assim que vem o infarto, muitas vezes nem dando tempo de tomar uma providência para salvar a vida do sujeito.