Primeiro, entenda a endometriose. Todos os meses, o corpo da mulher fica a postos para o momento em que vai ocorrer uma possível fecundação. Nesse processo, o endométrio (tecido que reveste o útero) é estimulado pelos hormônios do ciclo menstrual a se tornar mais espesso, a fim de preparar a área para a chegada do bebê.
Mas quando nenhum embrião se forma, essa camada descama e sai pela vagina daí a menstruação. No entanto, em cerca de 10% das mulheres em idade reprodutiva, uma parte do endométrio não segue o fluxo normal e acredita-se que ele retorne pelas trompas, instalando-se na cavidade abdominal. De lá, pode se espalhar para outros locais, como ovários, intestino, bexiga e até pulmões a esse estrago dá-se o nome de endometriose.
O que reduz a fertilidade
A endometriose altera a anatomia do aparelho reprodutor feminino. “A aderência do tecido endometrial a outros órgãos pode fazer com que o útero mude de lugar, de modo que o espermatozoide não consiga chegar onde precisa”, esclarece a ginecologista Bárbara Murayama, do Hospital 9 de Julho, em São Paulo.
E há um agravante que não pode ser ignorado: o diagnóstico tardio. “Estima-se que 70% das adolescentes cuja cólica menstrual não melhora com medicamentos podem ter endometriose”, diz Bárbara. Às vezes os sintomas não são valorizados e só depois de muito tempo de tentativas de engravidar ela é descoberta.
Nesse caso, a idade mais avançada é o complicador. Por isso, se notar que as cólicas estão ficando mais fortes e frequentes mês a mês, não hesite em procurar um ginecologista e contar tudo para ele.
Como funciona o tratamento
É possível contornar o problema com medicamentos anticoncepcionais, tomados sem pausa, para que a mulher não menstrue. Nem precisa dizer que isso só deve ser feito com a orientação de um especialista.
Outra opção, que o médico pode indicar, é realizar uma laparoscopia, procedimento cirúrgico que identifica onde estão os focos de endometriose para retirá-los.
Se ainda assim as tentativas de engravidar de forma natural não forem bem sucedidas, é possível tentar uma técnica de reprodução assistida. Entre as opções estão a inseminação intrauterina na qual espermatozoides selecionados são colocados no útero e a fertilização in vitro. Nesse caso, o óvulo é fecundado em laboratório e, em seguida, implantado no corpo da mulher novamente.
“Mas é preciso considerar alguns critérios, como a idade da paciente, a causa da infertilidade e os danos causados pela doença”, pondera a ginecologista e obstetra Vivian Ferreira do Amaral, diretora de comunicação da Associação Brasileira de Endometriose. Sendo assim, consultar um especialista é fundamental.