O nitrato da alface, rúcula, agrião e companhia protege contra males cardiovasculares
Essa substância presente em vegetais verdes é cada vez mais associada à prevenção da obesidade, do diabete...
No universo da nutrição o verde é a cor do momento. Mas não qualquer tipo de verde. Estamos falando daquele que tinge as hortaliças folhosas, como alface, rúcula e agrião. “Há cada vez mais evidências de que comer esses vegetais nos protege contra males cardiovasculares”, afirma Andrew Murray, professor de fisiologia da Universidade de Cambridge, no Reino Unido. Para o especialista, o trunfo desses alimentos é a sua oferta de uma substância conhecida como nitrato.
Controle da pressão
Em uma de suas experiências, Murray notou que doses moderadas do tal nitrato ajudam a afinar o sangue de cobaias. Isso porque, entre outras coisas, ele baixa a concentração de células vermelhas na corrente sanguínea, diminuindo a probabilidade de ela ficar viscosa demais. Assim evita problemas de fluxo que podem culminar em enfartos, derrames…
Segundo o cardiologista Marcus Bolívar Malachias, presidente eleito da Sociedade Brasileira de Cardiologia, o grande motivo por trás da afeição do nitrato pelo sistema cardiovascular é sua capacidade de estimular a liberação de moléculas de óxido nítrico, um potente vasodilatador. Bem supridas de óxido nítrico, as artérias ficam relaxadas e, sem aperto, a pressão não sobe.
Ajuda no emagrecimento
Em outra pesquisa com ratinhos, Murray e sua equipe descobriram que a substância dos vegetais verdes transforma as células brancas do tecido adiposo em beges. “São as brancas que estocam gordura”, informa o fisiologista. E, quanto mais se deposita banha dentro delas, mais pavimentado é o caminho rumo à obesidade, ao diabete e (de novo!) aos problemas cardiovasculares).
Só que, uma vez convertidas em beges, essas unidades passam a se comportar como as células marrons, exterminadoras de gordura. “Ter uma pequena quantidade dessas células mais escuras já ajuda no processo de emagrecimento”, avisa o endocrinologista Bruno Halpern, da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica. Resta saber se o nitrato se comportará da mesma maneira no corpo humano – uma questão que Murray pretende esclarecer em breve.
Combate à diabete
Em uma revisão imensa, com mais de 3 mil trabalhos sobre o consumo de vegetais verdes, a pesquisadora Patrice Carter, da Universidade de Leicester, na Inglaterra, percebeu que quem comia pouco mais de uma porção de folhas por dia tinha um risco 14% menor de encarar o diabete tipo 2. “Há uma infinidade de mecanismos possíveis para explicar tal relação”, diz. As hortaliças são cheias de antioxidantes como o betacaroteno e a vitamina C, além de magnésio e ácido alfalinolênico, uma versão de ômega-3. “E o nitrato é mais um elemento com potencial para justificar esse efeito”, afirma a pesquisadora.