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Isolamento social e fome produzem o mesmo tipo de desejo, dizem cientistas

Segundo estudo do MIT, indivíduos privados de relações sociais podem ficar tão empolgados ao ver alguém quanto um faminto ao olhar para um prato de comida

Por Frederico Cursino, da Agência Einstein*
11 dez 2020, 18h40
Foto de sanduíche
A vontade de comer não é tão diferente da de se relacionar com os outros. (Foto: Dercilio / Ilustração: Daniel Almeida/SAÚDE é Vital)
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A pandemia do coronavírus pode ter aumentado o apetite das pessoas durante o isolamento social. É o que asseguram cientistas do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts, nos Estados Unidos), em estudo sobre como o isolamento é capaz de causar um efeito semelhante no cérebro ao da fome. Segundo os pesquisadores, um indivíduo, após um longo período privado de relações sociais, pode ficar tão empolgado ao encontrar alguém quanto um faminto ficaria ao ver um prato de comida.

Isso acontece porque a região do cérebro responsável por ativar o desejo por alimentos durante momentos de jejum produz um sinal semelhante em pessoas isoladas socialmente. Essa estrutura da massa cinzenta é chamada substância nigra. Ela é minúscula, fica localizada no mesencéfalo e também está associada ao desejo por drogas.

“Nossa descoberta se encaixa na ideia intuitiva de que as interações sociais positivas são uma necessidade humana básica e a solidão aguda é um estado aversivo que motiva as pessoas a reparar o que está faltando, semelhante à fome”, afirma Rebecca Saxe, professora de ciências cognitivas no MIT e autora do estudo, publicado na revista Nature Neuroscience.

Para realizar a análise, os cientistas recrutaram voluntários saudáveis, principalmente estudantes universitários, e os confinaram por dez horas em uma sala sem janelas no campus da universidade norte-americana. Os participantes não tinham permissão para usar telefones, mas o cômodo possuía um computador para manter contato com os pesquisadores, caso fosse necessário.

Em outra ocasião, os recrutados foram submetidos a dez horas de jejum alimentar. Após cada uma das experiências (isolamento e jejum), eles foram escaneados enquanto olhavam para imagens de comida, de pessoas interagindo e também fotografias neutras, como flores.

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Analisando a substância nigra, os pesquisadores observaram que, quando pessoas socialmente isoladas viam imagens de outras desfrutando de interações sociais, o “sinal de desejo” nessa região do cérebro era semelhante ao produzido quando os mesmos participantes olhavam para a foto de um prato de macarrão com queijo após o jejum.

 

Além disso, a ativação na substância nigra mudava de acordo com a intensidade com que eles relatavam seus sentimentos por comida ou interação. Mas atenção: os dados para o estudo foram coletados em 2018 e 2019, antes das medidas de isolamento causadas pela Covid-19. E cabe reforçar que evitar aglomerações e manter o distanciamento social é vitar para evitar o agravamento da pandemia.

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A autora conta que o próximo passo será responder a questões como: de que maneira o isolamento afeta o comportamento das pessoas, se os contatos sociais virtuais – como videochamadas – ajudam a aliviar os desejos de interação e a diferença desse impacto em grupos etários distintos.

Outra meta será avaliar se as respostas cerebrais observadas poderiam ser usadas para prever como os mesmos participantes reagiram ao isolamento durante os estágios iniciais da pandemia.

*Este conteúdo é da Agência Einstein.

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