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Artrite muito além das juntas

A doença reumática pode atingir outras partes do corpo e ameaçar sobretudo o coração. Mas o diagnóstico precoce e novos remédios evitam essas retaliações

Por Redação Saúde é Vital
Atualizado em 11 out 2018, 18h18 - Publicado em 4 set 2015, 09h53
Estúdio Rufus
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Caminhar, subir escadas, virar páginas de uma revista… Nenhuma dessas atividades simples seria possível sem o complexo de dobradiças, roldanas e cabos que conecta um osso a outro. Esse maquinário todo compõe as articulações, as estruturas que permitem a movimentação de dedos, joelhos e tornozelos. Porém, em algumas pessoas, as juntas começam cedo a passar por maus bocados. Sem razão aparente, o próprio sistema imunológico produz substâncias capazes de danificar essas peças. É a artrite reumatoide, condição que afeta cerca de 2 milhões de brasileiros, a maioria mulheres entre 30 e 50 anos.

“A liberação excessiva de moléculas inflamatórias desencadeia uma agressão à membrana sinovial, camada que reveste a articulação”, descreve o reumatologista Diogo Domiciano, do Hospital das Clínicas de São Paulo. Aí, é como se as articulações fossem corroídas aos poucos. Se nada for feito, a destruição alcança até os ossos. A erosão se inicia nas peças menores de mãos e pés e, sem o devido cuidado, se espalha para as estruturas maiores. Os primeiros sintomas são dor, inchaço e rigidez.

Mas não pense que a artrite reumatoide afeta só as juntas. O coração é um dos principais alvos desse golpe. Sim, até esse músculo está sujeito a sofrer com esse problema. Pra início de conversa, a artrite promove alterações nos níveis de colesterol, e isso favorece o surgimento das famigeradas placas de gordura na parede das artérias. Com o tempo, esse emaranhado cresce e pode interromper o fluxo de sangue.

Outro temor está no uso indiscriminado de anti-inflamatórios para aliviar a dor e o inchaço típicos da doença reumatoide. Tomar esses comprimidos sem o aval do especialista pode desembocar em hipertensão e diabete, duas condições intimamente ligadas a perrengues nas artérias. “Para evitar desdobramentos mais graves, recomendamos que as consultas com o médico e os exames de checkup sejam feitos com maior regularidade nesses pacientes”, sugere o reumatologista Claiton Brenol, da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

E a lista de interações arriscadas não para por aí. “A artrite está relacionada a boca e olhos secos, além de inflamação nos pulmões e nos nervos”, enumera Emilia Sato, professora titular de reumatologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). O que chama atenção é o pouco conhecimento sobre o tema. Numa leva de estudos conduzida com o apoio da farmacêutica Pfizer, 76% dos participantes não sabiam nada da artrite reumatoide antes de serem diagnosticados com a doença. E essa falta de informações prejudica o diagnóstico e atrasa o tratamento. Fica aqui, então, o principal conselho: se você está com dor persistente nas juntas, procure um reumatologista.

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E se você já foi diagnosticado, calma que tem solução. Apesar de ainda não existir uma cura, os remédios disponíveis hoje são capazes de mantê-la sob rédea curta e permitem uma vida praticamente normal. O exercício físico é outro aliado no controle. Mexer o esqueleto não confere apenas ânimo e bem-estar: há um efeito direto nessa artrite. “O exercício estimula a liberação de hormônios, como o cortisol, que também tem ação anti-inflamatória”, ensina Francisco Navarro, da Universidade Federal do Maranhão. Ao adotar um estilo de vida mais equilibrado, manejar a artrite reumatoide se torna um plano muito mais fácil de cumprir. E não só as articulações serão eternamente gratas por isso.

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