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B1: onde está e para que serve a vitamina redescoberta pela ciência

Cientistas desvendam mistério sobre bioquímica da tiamina da década de 1950, o que abre caminho para a produção de novos medicamentos

Por Lucas Rocha Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
10 Maio 2025, 07h54
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Suplementação de vitamina B1 deve ser feita a partir de recomendação médica (azerbaijan_stockers/Freepik)
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O conhecimento com base em evidências pode se transformar ao longo do tempo. Essa talvez seja uma das qualidades mais marcantes e também incríveis da ciência.

O alvo de uma nova proeza é a vitamina B1, também conhecida como tiamina. O composto apresenta funções bem estabelecidas, como a participação na produção de energia do organismo, além da manutenção dos sistemas vascular e nervoso e funcionamento do processo digestivo.

A sua falta, por outro lado, pode causar encrencas. “Fadiga, irritabilidade, fraqueza muscular, um pouco de formigamento e perda de apetite são características da deficiência de vitamina B1”, elenca o médico nutrólogo Durval Ribas Filho, presidente da Associação Brasileira de Nutrologia (Abran) e docente da pós-graduação CNNUTRO.

Mas, se tudo isso já é sabido, onde está a novidade? Muito bem, o “breaking news” está em um estudo inédito que confirma uma hipótese química sobre a tiamina de 1958. Calma, vamos chegar lá…

+ Leia também: Vitaminas demais, saúde de menos: o lado perigoso desses nutrientes

Onde encontrar a vitamina B1?

Antes de mergulhar na aula de química, vamos destacar as principais fontes de tiamina nos alimentos.

“A vitamina B1 é encontrada em levedura de cerveja, nozes, avelãs, sementes de girassol e castanhas. E também na carne de porco, nas leguminosas como ervilha, feijão, grão de bico e lentilha, e nos cereais integrais”, lista Ribas Filho.

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O nutriente é comercializado na forma de suplementos, que devem ser consumidos em contextos específicos.

“Gestantes com vômitos intensos podem sofrer perda da tiamina. Alcoólatras crônicos, pacientes bariátricos, com doença inflamatória intestinal e doença celíaca precisam fazer o uso dos produtos. Além de pessoas que são veganas estritas e não tem um planejamento alimentar adequado”, pontua o nutrólogo.

A dosagem pode ser realizada a partir de exame de sangue. Em geral, o teste é recomendado a pacientes submetidos a cirurgia bariátrica, pessoas com síndrome de má absorção intestinal, indivíduos com insuficiência cardíaca congestiva que fazem uso de diuréticos com frequência, desnutridos e aqueles com distúrbios alimentares.

+ Leia também: Vitaminas do complexo B: conheça os tipos, funções e benefícios

A química por trás da tiamina

Cientistas norte-americanos confirmaram uma teoria bioquímica da década de 1950 com um feito notável: estabilizar uma molécula reativa em água, algo considerado impossível.

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Havia forte suspeita de que a vitamina B1 pudesse formar estrutura semelhante ao carbeno (uma classe de compostos químicos) para executar suas reações no organismo humano. Mas isso era “impossível”, já que os carbenos se desfazem instantaneamente na água.

Com o estudo, os pesquisadores da Universidade da Califórnia em Riverside, nos Estados Unidos, mostram que sim, é possível que um carbeno siga ativo na água. O achado, publicado na revista Science Advances, abre caminho para maneiras mais ecológicas e eficientes de fabricar medicamentos.

“Essa descoberta resgata a visão pioneira de Ronald Breslow, que em 1958 propôs que a tiamina pirofosfato a forma ativa da vitamina B1, poderia formar, dentro das células, um intermediário de carbeno capaz de conduzir reações essenciais ao metabolismo”, contextualiza o biólogo e doutor em genética médica Danilo Grünig Humberto da Silva, professor da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS).

Silva destaca que o carbeno permaneceu estável durante meses no estudo norte-americano. O avanço científico pode abrir portas para o uso de pequenas moléculas orgânicas como catalisadores para acelerar reações químicas em água, em vez de recorrer a solventes orgânicos tóxicos como o benzeno.

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“A substituição por água traz benefícios para a química verde — um conjunto de práticas que visa reduzir o impacto ambiental dos processos químicos, empregando reagentes e condições mais seguras e sustentáveis”, enfatiza o professor.

Quando falamos de química verde, estamos falando de reações mais limpas, menor geração de resíduos perigosos e menor consumo de energia, o que torna toda a cadeia produtiva mais amigável ao meio ambiente e mais econômica para a indústria.

Essa evidência inspira o campo da química biomimética, que busca imitar processos que já ocorrem na natureza para criar novos materiais e sistemas funcionais.

“Ao projetar ‘bolhas moleculares’ — estruturas artificiais que protegem intermediários sensíveis exatamente como o sítio ativo de uma enzima — poderemos desenvolver enzimas sintéticas ou nanoreatores que operem com alta eficiência dentro de biorreatores, produzindo fármacos, bioplásticos e outros compostos diretamente em soluções aquosas”, observa Silva.

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