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Zolpidem e outros medicamentos para dormir causam demência?

Pesquisa divulgada no ano passado encontrou associação entre uso de fármacos contra a insônia e o diagnóstico de Alzheimer em pessoas brancas

Por Maurício Brum
6 set 2024, 14h00
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Exame acompanhou idosos norte-americanos com mais de 70 anos e detectou risco elevado em pessoas brancas que usavam medicamentos para dormir (Freepik/Freepik)
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Um estudo publicado em 2023 tem causado alvoroço por indicar um risco maior de desenvolver demência quando a pessoa utiliza determinados medicamentos para dormir, como o Zolpidem e benzodiazepínicos.

Os achados foram divulgados por pesquisadores da Universidade da Califórnia em São Francisco na revista Journal of Alzheimer’s Disease.

O que o estudo encontrou

A pesquisa acompanhou um grupo de 3 mil pessoas idosas de diferentes raízes étnicas ao longo de nove anos. Com uma idade média de 74 anos, nenhuma tinha diagnóstico de demência no início do estudo, mas, durante o período de monitoramento, uma em cada cinco acabou desenvolvendo a doença.

+Leia também: Demência não é tudo igual: saiba quais tipos existem e como diagnosticar

O achado mais significativo ocorreu nos participantes brancos: entre aqueles que admitiam usar remédios para dormir “frequentemente” ou “quase sempre”, a chance de desenvolver a doença foi 79% maior do que naqueles que afirmavam usar “raramente” ou “nunca” esses fármacos.

Curiosamente, entre pessoas negras, não houve diferença significativa associada ao uso desses medicamentos. Segundo os pesquisadores, além da etnia, a discrepância pode estar relacionada ao tipo e dosagem de cada remédio, mas estudos complementares são necessários para entender a razão dessa diferença.

Associação não significa causa e efeito

Apesar das descobertas chamativas do estudo, é importante interpretá-las com calma. A pesquisa encontrou uma associação entre o uso dos remédios e um risco aumentado de demência (em idosos brancos), mas isso não necessariamente significa que os fármacos causem a doença.

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Uma das hipóteses hoje discutidas na ciência é que esses remédios, em vez de causadores do problema, acabem sendo usados como consequência de um diagnóstico equivocado: a pessoa começa a ter dificuldades para dormir em função de um quadro inicial de demência e, em vez de ter esse problema identificado, passa a ser tratada somente para insônia, mascarando os sintomas.

Mais pesquisas devem ser feitas até compreender exatamente quais remédios podem ter uma segurança maior ou menor em relação à chance de desenvolver problemas neurodegenerativos no futuro. A pesquisa também não foi capaz de determinar os riscos em pessoas mais jovens, com o foco do estudo sendo pacientes com idade entre 70 e 79 anos.

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