A asma é uma doença heterogênea, crônica e flutuante. Não tem uma causa única. Pode passar por períodos de remissão e retornar sem aviso prévio. “Como acontece com a maioria das doenças crônicas, ela tem múltiplas causas, que incluem desde predisposição genética até fatores ambientais”, explica o médico alergista e pneumologista Álvaro Cruz, professor da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e membro do Conselho Diretor da Iniciativa Global pela Asma (Gina).
O caso de RF, paciente do doutor Cruz, confirma a dificuldade de estabelecer um diagnóstico. “Eu tinha 35 anos e não apresentava sintomas. Quando me dei conta, estava passando os dias sobre um sofá-cama, dependente de um nebulizador”, relata ele, que tem 64 anos e vive em Itaparica (BA).
Até que, em 2003, Freitas foi convidado a fazer parte do Programa de Controle da Asma e da Rinite Alérgica na Bahia (ProAR), um projeto de ensino, pesquisa e assistência que integra o Sistema Único de Saúde (SUS) e a Faculdade de Medicina da UFBA. Desde então, passou a controlar melhor a doença. “Recuperei minha vida”, ele conta. “Passei a receber medicamentos e informações.”
Uma das lições que ele aprendeu é não abusar do beta2 agonista de curta duração (Saba), a popularmente conhecida bombinha de alívio. Trata-se de um broncodilatador que promove alívio dos sintomas durante as crises, mas não trata a inflamação, a causa base da doença.
“O Saba trata os sintomas e traz alívio, mas o uso excessivo oferece graves riscos para a saúde, como comprovou recentemente uma análise1 com mais de 8 350 pacientes da Ásia, África, Oriente Médio, América Latina –incluindo a população brasileira, Rússia e Austrália, recentemente publicada no The European Respiratory Journal (ERJ)”, relata o médico.
O estudo é resultado do programa global Saba Use IN Asthma (Sabina), o maior programa de divulgação de dados sobre o uso excessivo do SABA isolado. Nos últimos 30 anos ocorreu a maior mudança no manejo da asma, em que, por segurança, a recomendação é utilizar o broncodilator associado ao corticoide inalatório.
Entenda melhor a doença e saiba o que funciona – e o que não funciona – para combatê-la.