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Uma vacina contra a Covid-19 desenvolvida no Brasil e na Argentina

O imunizante trouxe bons resultados frente ao coronavírus nos testes iniciais, e em breve entrará nas pesquisas com seres humanos. Veja como ele funciona

Por Maria Tereza Santos
Atualizado em 27 Maio 2021, 19h07 - Publicado em 26 Maio 2021, 14h16
Desenho de seringa em fundo verde
Produto foi bem nos testes iniciais e agora segue para estudos em humanos.  (Ilustração: André Moscatelli/SAÚDE é Vital)
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Mais uma vacina latino-americana contra a Covid-19 deve entrar em fase de testes clínicos. A previsão é de que o imunizante — resultado de uma parceria entre o Instituto Leloir, o Conselho Nacional de Pesquisas Científicas e Técnicas (ambos na Argentina) e a Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (EPM/Unifesp) — comece a ser avaliado em seres humanos nas primeiras semanas de junho de 2021.

O ginecologista Manoel Girão, diretor da EPM/Unifesp, conta que a cooperação entre as entidades nasceu há pouco mais de um ano, em busca de um intercâmbio de tecnologias para estudos.

“Então surgiu a oportunidade desse trabalho colaborativo da vacina. O grupo já estava bem estruturado, mas potencializamos a fase pré-clínica, com os ensaios de neutralização viral”, relata Girão.

Nesse estágio prévio mencionado, a ação do imunizante é testada in vitro e em animais. Esses trabalhos só podem ser realizados em laboratórios de nível máximo de segurança, como os da universidade brasileira.

O novo produto contou ainda com a colaboração de cientistas da Vaxinz, uma biotech americana focada em soluções contra doenças infecciosas e negligenciadas na África, na América Latina e no Caribe.

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Como a vacina age contra o coronavírus

Ela usará a tecnologia de vetor adenoviral — a mesma dos imunizantes da AstraZeneca, Sputnik e Janssen. “Ela é baseada em um adenovírus humano geneticamente modificado e não replicativo. Ele só serve de vetor para levar uma proteína do Sars-CoV-2 ao sistema imune e induzir uma resposta do corpo”, explica a virologista Juliana Maricato, professora da EPM/Unifesp e líder da pesquisa.

Além disso, essa estratégia seria capaz de bloquear a entrada do coronavírus nas células.

Por ser de segunda geração, esse vetor adenoviral foi aprimorado para funcionar com maior efetividade. “A vacina também contempla as atuais variantes de preocupação do Brasil“, completa Juliana.

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De acordo com a virologista, 100% dos animais avaliados em etapas anteriores de pesquisa desenvolveram resposta imune específica contra o Sars-CoV-2. Não houve efeitos colaterais graves nas cobaias.

Como funcionarão os estudos em humanos

As fases um e dois serão conduzidas pela Seção de Farmacologia Clínica do Hospital Italiano, em Buenos Aires. Se tudo der certo, a terceira e última etapa antes de uma eventual aprovação será realizada no Brasil.

Questionado sobre expectativas de eficácia e segurança, Girão afirmou que, enquanto essas fases não avançarem, números não serão especulados para evitar falsas expectativas. “Os estudos em humanos começarão em breve, mas o avanço vai depender dos resultados. Estamos focados na segurança do processo, não na rapidez”, pontua o diretor da EPM/Unifesp.

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Juliana adianta que o perfil dos voluntários e o número de doses estão sendo discutidos. Inicialmente, a ideia é que sejam duas picadas em participantes de 18 a 60 anos, incluindo um subgrupo de indivíduos que já receberam outros imunizantes há um certo tempo.

“Sabemos que as vacinas de primeira geração não têm tanta eficácia para novas variantes. Queremos checar se essa nova opção irá induzir os mesmos níveis de resposta imune na população já protegida por produtos de outros laboratórios”, justifica a virologista.

Os especialistas destacam ainda as vantagens de haver um imunizante produzido no nosso continente. “Queremos dar acesso a uma ferramenta de combate à pandemia sem a dependência de insumos vindos de outros países, como acontece hoje”, finaliza Girão.

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