A busca por um medicamento eficaz frente ao Alzheimer é antiga. Até agora, contudo, não existe fármaco capaz de reverter ou interromper o avanço da doença, que atinge ao menos 1 milhão de brasileiros. Pois um novo candidato que avança nas pesquisas tenta, ao menos, desacelerar seus estragos.
Trata-se do donanemabe, fabricado pela Eli Lilly. Da moderna classe dos anticorpos monoclonais, moléculas que buscam alvos específicos no corpo, o remédio sobreviveu à fase 2 dos estudos, mais focada em segurança, mas que também vê eficácia. Os resultados dos testes com 250 voluntários saíram no The New England Journal of Medicine.
“O mais bacana é que ele reduziu os níveis de proteína beta-amiloide [que se acumula no cérebro de quem tem a doença] e diminuiu em até 32% o ritmo de progressão dos sintomas”, comenta o neurologista Paulo Caramelli, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Falta a prova de fogo, a fase 3, que confirma o efeito em mais gente.
Mecanismo de ação
A molécula: O donanemabe é um anticorpo desenhado para reconhecer a atacar as proteínas beta-amiloides mais “maduras”, as piores para a doença.
A beta-amiloide: Seu depósito no cérebro seria o primeiro (e mais conhecido) dano do Alzheimer. Mas há outros mecanismos envolvidos.
Radiação no Alzheimer?
Além dos medicamentos, cientistas buscam outras formas de amenizar sintomas comportamentais, como agressividade e agitação, em nome da qualidade de vida de quem vive com a doença.
Nessa linha, um estudo-piloto com quatro pessoas sugere que doses baixíssimas de radiação poderiam melhorar domínios como cognição, fala e movimentação. Até existe lógica por trás da história: contra-atacar os danosos radicais livres capazes de danificar os neurônios. Mas a teoria deve ser comprovada em experimentos mais amplos.
Para facilitar a consulta
O laboratório brasileiro Prati-Donaduzzi lançou um diário por meio do qual cuidadores de pessoas com Alzheimer podem registrar detalhes da rotina, como horários de medicação, comportamentos, estado do sono e humor.
O acompanhamento próximo, de preferência multidisciplinar, faz diferença, assim como chegar ao médico munido de informações mais precisas. O diário está disponível online.