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Por que a Coronavac apresenta diferentes taxas de efetividade?

A proteção dessa vacina contra o coronavírus tem variado a depender do estudo, da faixa etária e do local. Entenda o porquê dessas discrepâncias

Por Maria Tereza Santos
31 Maio 2021, 18h32

Após a aprovação da Coronavac, vários estudos foram realizados nos países onde ela tem sido aplicada para demonstrar seu potencial frente ao coronavírus na “vida real”. E os dados de proteção, além de variarem de uma pesquisa para outra, diferem dos resultados encontrados nas pesquisas clínicas que justificaram a aprovação dessa vacina contra a Covid-19. Lembre-se de que a Anvisa liberou o uso emergencial por aqui com uma eficácia de pouco mais do que 50%.

Já na pesquisa conduzida pelo Instituto Butantan na cidade de Serrana, no interior de São Paulo, a Coronavac alcançou efetividade de 80% contra casos sintomáticos. A injeção também preveniu as hospitalizações em 86% dos casos e a morte em 95%. Para quem não sabe, quase toda a população adulta dessa cidade do interior de São Paulo recebeu as duas doses da vacina.

Em outra investigação, essa feita pelo governo do Chile com 10,5 milhões de pessoas com mais de 16 anos, a Coronavac apresentou efetividade de 67% contra casos sintomáticos. Ela ainda impediu 85% de hospitalizações, 89% das entradas em UTIs e 80% dos óbitos.

Por sua vez, o grupo Vaccine Effectiveness in Brazil Against Covid-19, apoiado pela Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), realizou um levantamento focado no estado de São Paulo. A efetividade média em indivíduos acima de 70 anos foi de 42%. E, conforme a idade aumenta, essa taxa cai. Dos 70 aos 74 anos, ela fica em de 61,8%. Entre 75 e 79 anos, já vai para 48,9%. E de 80 anos para cima, é de apenas 28%.

A pesquisa – que ainda não foi revisada por outros cientistas e publicada em uma revista científica – contou com a participação de 7 950 idosos com idade média de 76 anos, imunizados entre 17 de janeiro e 29 de abril.

Então é hora de desatar o nó que envolve tamanha variação de resultados.

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Eficácia e efetividade não são sinônimos para a ciência

O imunologista Carlos Zárate-Bladés, do Laboratório de Imunorregulação do Centro de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Santa Catarina, começa contando que a eficácia de uma vacina contra a Covid-19 é definida em estudos clínicos rigorosos, feitos em condições ideais e controladas. Ela basicamente aponta quantas infecções, casos sintomáticos, hospitalizações ou mortes – a depender do critério utilizado – foram evitadas em um grupo específico que recebeu o imunizante, versus outro que ficou só com o placebo.

Já a efetividade se refere a como essa vacina performa em uma dada população, após as aprovações das agências de saúde. É um ambiente bem menos controlado e heterogêneo. Por um lado, há pessoas que podem esquecer ou não receber a segunda dose, por exemplo. De outro, esse contexto pode se beneficiar da imunidade coletiva, caso muita gente seja vacinada.

Mas por que as taxas de efetividade variam tanto entre os estudos?

Não podemos esquecer das variantes do coronavírus, que predominam de forma distinta em cada país, e podem resistir mais ou menos às vacinas.

Zárate-Bladés destaca que a variação nesses índices também têm a ver com uma questão básica: a reação de cada sistema imunológico. “Existe variabilidade entre os seres humanos e entre as populações”, argumenta.

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É possível, portanto, que características genéticas de determinado povo o faça responder melhor à imunização. No mais, uma região com bom atendimento assistencial vai oferecer um suporte melhor à campanha de imunização, o que também conta.

Além disso, hábitos de vida e doenças crônicas influenciam na resposta imune. As pesquisas clínicas incluem diferentes indivíduos justamente para checar se há algum contraste gritante entre cada subgrupo.

A idade parece ser um componente importante para a efetividade de certas vacinas. Veja: conforme envelhecemos, nosso sistema imunológico se torna mais frágil. Experimentos já mostram, por exemplo, que as injeções contra a gripe são menos protetoras nos mais velhos.

Na fase três do estudo clínico da Coronavac feito no Brasil, a média de idade dos voluntários era de 39 anos. Os idosos representavam apenas 4,9% dos participantes. Por isso, já se esperava que houvesse alguma variação entre os mais velhos

Não à toa, os integrantes do Vaccine Effectiveness in Brazil Against Covid-19 concluem que mais pesquisas são necessárias para determinar como otimizar a vacinação dos maiores de 80 anos. Aumentar o número de doses ou optar por outro imunizante seriam opções, mas que dependem da disponibilidade de imunizantes. No momento, o mais importante é incrementar rapidamente o número de vacinados no Brasil.

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