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Pesquisa brasileira mostra danos da Covid-19 no cérebro

Teste com camundongos indica que proteína do vírus provoca inflamação no sistema nervoso central que destrói sinapses, causando perda cognitiva

Por Gabriela Cupani, da Agência Einstein*
Atualizado em 5 Maio 2023, 18h42 - Publicado em 5 Maio 2023, 18h41

Já se sabe que a Covid-19 pode causar perda cognitiva e sintomas como falhas na memória mesmo nos casos leves da doença. Agora, uma nova pesquisa brasileira, publicada no periódico Cell Reports mostra como o vírus age no cérebro do paciente.

Os resultados podem ajudar a elaborar estratégias de prevenção desses efeitos.

Para investigar esse mecanismo, cientistas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio) injetaram a proteína Spike, a parte do vírus responsável por infectar nossas células, no cérebro de camundongos.

Depois, as cobaias foram submetidas a testes que avaliavam a capacidade de memória espacial nos primeiros sete dias e ao longo de um mês.

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Aqueles que tinham recebido a proteína tiveram dificuldades nessa tarefa. Mas, assim como costuma ocorrer na infecção humana, os efeitos só foram aparecer tardiamente, após cerca de 20 ou 30 dias.

Ao avaliar o cérebro dos roedores, os pesquisadores constataram que a proteína do vírus ativa um receptor envolvido na resposta inflamatória local.

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Isso faz com que células chamadas microglia entrem em ação. Elas fazem parte do sistema de defesa do sistema nervoso central e eliminam terminações sinápticas, o que afeta a conexão entre os neurônios.

“Essa neuroinflamação tardia é a responsável pelos sintomas cognitivos da doença”, explica a neurocientista Claudia Pinto Figueiredo, professora da UFRJ e uma das responsáveis pelo trabalho.

No hipocampo, região do cérebro relacionada à memória, isso causa os famosos lapsos que as vítimas da Covid-19 relatam pós-infecção.

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Para comprovar essa hipótese, a equipe repetiu o teste com animais que tinham esse receptor bloqueado por modificação genética. Esses não tiveram prejuízos na memória.

O achado pode abrir caminho para o uso de medicamentos que têm essa ação e poderiam ajudar na prevenção ainda na fase aguda da doença.

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Efeito reversível

A pesquisa também demonstrou que não é preciso ter a infecção ativa para sofrer com esses efeitos – restos do vírus em circulação também podem chegar ao sistema nervoso central e causar danos.

A boa notícia é que o efeito pode ser reversível.

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“Sabe-se que o cérebro é capaz de induzir a formação de novos neurônios e alguns hábitos podem ajudar, como atividade física e sono de boa qualidade”, diz a especialista.

“Mas ainda não sabemos o impacto em alguém com suscetibilidade a doenças neurológicas, e isso deve ser investigado em futuras pesquisas.”

*Esse texto foi publicado originalmente pela Agência Einstein.

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