Panelas de teflon fazem mal à saúde? Entenda a questão
Maior risco da substância antiaderente diz respeito ao processo de fabricação dos utensílios, mas alguns cuidados são necessários também em casa

Nome utilizado popularmente para se referir à superfície das panelas antiaderentes, o teflon é um material polêmico há décadas. Do processo produtivo ao uso descuidado de utensílios com essa substância, ele tem sido associado a problemas de saúde há muito tempo.
Mas a história é mais complexa do que pode parecer à primeira vista.
Entenda de onde vem a preocupação com ele e como garantir um uso mais seguro.
O que é o teflon e de onde surgiu a polêmica?
Teflon é o nome comercial do politetrafluoretileno (PTFE), um polímero sintético descoberto por acaso nos anos 1930, quando pesquisadores buscavam um gás refrigerante para geladeiras. A DuPont, empresa que conduzia os testes, logo viu o potencial comercial daquele pó com propriedades escorregadias, e começou a aplicá-lo em diversas frentes.
Os utensílios de cozinha foram aqueles que alcançaram mais popularidade.
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Ocorre que o processo de produção do Teflon é altamente tóxico. E, como se descobriria mais tarde, a DuPont sabia disso desde o começo dos anos 1960 (pelo menos), mas fez o possível para ocultar a informação do grande público enquanto seguia com a fabricação e as vendas.
Um dos subprodutos mais nocivos é o chamado ácido perfluorooctanoico, ou PFOA, uma substância empregada na fabricação do Teflon para torná-lo mais estável.
O problema: é tão estável que não se degradava nunca, permanecendo no ambiente (e no corpo das pessoas) para sempre, causando problemas. Ele até abriu caminho para nomear um grupo de compostos conhecidos como forever chemicals, ou substâncias químicas “eternas”.
Quando o teflon causa problemas à saúde?
Aqui, é preciso fazer uma diferenciação. A exposição a altos níveis de PFOA (e outros subprodutos associados à fabricação de panelas antiaderentes) está, sim, associada a problemas de saúde diversos. A lista inclui uma maior incidência de cânceres, mas também complicações gestacionais, hormonais e imunológicas.
Isso, porém, não necessariamente se aplica ao uso das panelas propriamente ditas, desde que elas sejam empregadas dentro das normas de segurança. A maior parte dos riscos do PFOA (para a saúde humana e animal) está associado à fabricação, e ele não é liberado “em casa” desde que sua panela esteja com a superfície íntegra e permaneça a temperaturas abaixo de 260 graus.
Vale ressaltar que o PFOA começou a ser descontinuado há cerca de uma década, então panelas mais recentes não contam com essa substância. No entanto, outros componentes conhecidos como PFAS (ou substâncias perfluoroalquiladas e polifluoroalquiladas) continuam presentes, e seus impactos de longo prazo na saúde ainda não são bem compreendidos pela ciência.
Como usar de forma segura?
Para garantir que sua panela antiaderente com Teflon ou similares não traga qualquer risco à saúde, ela precisa estar com o revestimento íntegro, sem soltar pedaços, e jamais pode ser superaquecido.
Esse material é considerado seguro quando não ultrapassa os 260 graus, o que é bem difícil de acontecer se você usa a panela corretamente no fogão.
Ainda assim, vale a precaução: jamais deixe a panela sobre o fogo aceso sem estar preparando nada nela. Seja vazia por um desnecessário “pré-aquecimento” ou porque já evaporou tudo o que havia por ali antes, essa é a maior chance de fazer a superfície antiaderente subir a temperaturas consideradas perigosas.