A semaglutida, popularmente conhecida como Ozempic, já está estabelecida como uma medicação adequada para o tratamento da diabetes tipo 2 e obesidade.
Entretanto, estudos mais recentes mostram que ela também pode ser uma alternativa viável para complementar o tratamento de problemas articulares.
Um estudo publicado este ano num dos principais periódicos do mundo, o The New England Journal of Medicine, mostrou que o uso de semaglutida em pacientes obesos com osteoartrite moderada dos joelhos pode ser benéfico no tratamento da doença.
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O Ozempic auxilia no emagrecimento e, como a perda de peso é um fator crucial na redução da pressão, do impacto e da carga nas articulações, a medicação pode promover, mesmo que de maneira indireta, melhora da dor, da função e da qualidade de vida de pacientes com obesidade e osteoartrite dos joelhos.
Relação entre pesos e problemas nas articulações
A obesidade é um dos principais fatores relacionados à piora dos sintomas da osteoartrite. Sabemos que a cada um quilo acima do peso, nossos joelhos precisam suportar cerca de três a quatro quilos a mais de impacto durante as atividades diárias. Desta forma, quanto maior nosso peso corporal, maior a sobrecarga nesta articulação.
Além disso, o tecido adiposo do nosso corpo é fonte de agentes inflamatórios, conhecidos como citocinas. Essas citocinas, quando em contato com a articulação, promovem reações que aumentam o desgaste da cartilagem, o inchaço local e as dores.
Dessa forma, a perda de peso contribui para o tratamento não apenas por reduzir a carga mecânica direta, mas também por um possível efeito anti-inflamatório indireto. Essa abordagem está associada a melhorias clínicas e funcionais nos pacientes.
Com isso, tem surgido uma nova tendência de considerar o uso da semaglutida como complemento no tratamento de pacientes obesos com problemas ortopédicos, especialmente naqueles com limitações em joelhos e quadris.
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Limitações, riscos do uso off-label e a importância da supervisão médica
Apesar desses estudos iniciais promissores, o uso de semaglutida neste contexto ainda é considerado off-label (ou seja, não está incluído em bula) e pode apresentar riscos. Efeitos colaterais como alterações gastrointestinais são comuns e, em alguns casos, podem levar à necessidade de interrupção do tratamento.
Além disso, são necessários mais estudos avaliando o impacto da semaglutida na evolução da osteoartrite e se existem efeitos adversos a longo prazo.
Portanto, em casos de osteoartrite, recomendo sempre procurar um profissional de saúde qualificado para avaliar o grau da doença e determinar o tratamento mais adequado para cada indivíduo. Sendo que as opções podem variar desde abordagens não invasivas, como fisioterapia e medicações para alívio dos sintomas, até casos com necessidade de intervenção cirúrgica.
*Moisés Cohen é professor titular do Departamento de Ortopedia e Traumatologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp)
(Este texto foi produzido em uma parceria exclusiva entre VEJA SAÚDE e Brazil Health)