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O que é asfixia perinatal? Conheça causas, complicações e tratamentos

No mundo, mais de 1,1 milhão de bebês sofrem com falta de oxigenação ao nascer. Intervenção médica rápida pode prevenir muitas complicações

Por Larissa Beani
Atualizado em 12 set 2023, 14h33 - Publicado em 12 set 2023, 14h29
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  • No mundo, cerca de 1,1 milhão de bebês sofrem asfixia neonatal ao ano. O quadro ocorre quando há falta de oxigênio momentos antes, durante ou após o parto.

    No Brasil, estima-se que 20 mil crianças sejam afetadas pela condição, que é a terceira maior causa de morte entre bebês, sendo superada apenas por infecções e prematuridade.

    Ela é também a principal causa de paralisia cerebral, afetando o desenvolvimento motor e cognitivo dos sobreviventes.

    Desfechos trágicos e sequelas neurológicas, contudo, são evitáveis com a devida assistência médica.

    Para espalhar essa mensagem, o Instituto Protegendo Cérebros, Salvando Vidas criou, em parceria com a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), a campanha Setembro Verde Esperança.

    + Leia também: O que é paralisia infantil e por que podemos voltar a conviver com ela

    “É preciso agir rapidamente e iniciar o tratamento em até seis horas após a identificação do problema”, afirma Gabriel Variane, coordenador da unidade de terapia intensiva (UTI) neonatal neurológica da Santa Casa de São Paulo.

    A demora custa caro. “Caso não seja tratado rapidamente, o quadro pode gerar sequelas neurológicas, como a paralisia cerebral e outras deficiências cognitivas e físicas às crianças”, afirma Variane, também fundador do Instituto Protegendo Cérebros, Salvando Vidas.

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    A seguir, entenda o que pode levar à asfixia perinatal e conheça os tratamentos que salvam vidas.

    Fatores de risco e causas

    Diversas situações ocorridas antes, durante ou imediatamente após o parto podem provocar a falta de oxigenação do bebê.

    Enquanto o feto ainda está na barriga da mãe, o oxigênio chega até ele por meio do sangue da placenta, que é transportado pelo cordão umbilical.

    Qualquer situação que diminua a oxigenação da mãe e da placenta, ou interrompa a passagem do gás pelo cordão umbilical, pode desencadear o problema. “Na pandemia, por exemplo, o quadro foi comum entre mães com insuficiência respiratória grave e hipóxia“, exemplifica Variane.

    Além de questões respiratórias, outros fatores de risco são doenças crônicas não controladas, como hipertensão e diabetes. Estas condições aumentam o risco de descolamento da placenta — outra situação que afeta o suprimento de oxigênio para o bebê.

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    + Leia também: O que é pré-eclâmpsia? Saiba identificar sintomas e riscos

    “Por isso, um dos pontos importantes é manter hábitos saudáveis e controlar problemas de saúde prévios durante a gravidez”, alerta o neonatologista.

    A presença de nó verdadeiro no cordão umbilical, por mais rara que seja, também pode interromper o abastecimento de oxigênio.

    Durante o parto, os principais cenários de risco são a ruptura uterina e as distocias, dificuldades provocadas pelo tamanho ou por posições anormais do feto.

    Menos frequentes, as asfixias ocorridas após o parto se devem, em geral, a doenças pulmonares, cardiovasculares ou neurológicas congênitos.

    Sintomas e complicações

    Antes de nascer, em geral a asfixia perinatal é investigada quando a mãe nota que o feto está muito “quieto” nas semanas finais de gestação.

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    No parto, ela é notada pela equipe médica devido a sinais como ausência de choro ao nascer, dificuldade para respirar, palidez, queda de pressão arterial e batimentos cardíacos reduzidos. O quadro pode também levar a perda de consciência e crises convulsivas.

    A falta de oxigenação compromete não apenas o funcionamento dos pulmões, mas o de todas as células humanas.

    Quando não há gás suficiente para que as células respirem e produzam energia, elas começam a morrer — e o cérebro é o principal órgão a sofrer as consequências disso. Daí o surgimento de complicações como a paralisia.

    + Leia também: Covid-19: o mistério da hipóxia silenciosa e suas implicações

    Tratamento

    Uma vez identificado o quadro de asfixia perinatal, os médicos iniciam manobras de reanimação, como massagem cardíaca e ventilação pulmonar.

    O bebê é encaminhado para a UTI, onde seus sinais vitais são monitorados e as particularidades do caso serão devidamente tratadas.

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    Uma abordagem diferencial para a redução de risco de sequelas é a hipotermia terapêutica. O corpo é resfriado a uma temperatura de 33,5ºC durante 72 horas, enquanto é feito o monitoramento cerebral contínuo da criança.

    Após esses três dias, a temperatura é elevada gradualmente.

    A lógica por trás da técnica é controlar com o resfriamento a inflamação cerebral desencadeada pela asfixia, antes que ela provoque sequelas. E os dados provam que o efeito é muito significativo.

    + Leia também: Epilepsia: o curto-circuito tem conserto

    “Estudos mostram que, em bebês que passaram pelo tratamento, os riscos de morte e paralisia foram 25% e 38% menores, respectivamente. A chance de sobreviver sem deficiência alguma aumenta em 65%”, afirma Variane.

    Para isso, os cuidados devem ser iniciados em uma janela de 6 horas após a asfixia.

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    Prevenção

    Como o início do tratamento faz toda a diferença, é importante informar médicos, profissionais de saúde e famílias sobre o problema. É neste contexto que surgiu a campanha Setembro Verde Esperança.

    Segundo Variane, o nome da campanha remete não apenas à esperança para os parentes de crianças vítimas da asfixia perinatal, mas também ao verbo “esperançar”, que implica uma ação em prol da redução de danos pela condição.

     “Queremos sensibilizar os setores público e privado para que sejam instauradas políticas públicas que reduzam o impacto dessa doença no nosso país”, conclui o neonatologista.

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