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O que é a episiotomia e quando ela deve ser feita no parto?

O corte cirúrgico no períneo, também chamado de pique, só deve ser realizado em situações específicas do parto. Conheça suas complicações e indicações

Por Maria Tereza Santos
Atualizado em 22 nov 2021, 17h21 - Publicado em 5 nov 2019, 17h45

Durante o trabalho de parto normal, algumas mulheres relatam passar pelo pique. Trata-se da episiotomia, um procedimento cirúrgico que consiste em uma incisão no períneo — a região entre o ânus e a vagina — para facilitar a passagem do bebê. Mas quando de fato essa estratégia deveria ser usada hoje em dia e quais suas complicações?

O tocoginecologista Ricardo Porto Tedesco, membro da comissão de assistência ao parto da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), conta que, no passado, essa era uma técnica rotineira.

“A ideia era aliviar a tensão nas fibras musculares no períneo. Depois, a fissura era fechada. Acreditava-se que isso preservava a musculatura da mulher”, relata o especialista, que também é professor da Faculdade de Medicina de Jundiaí, localizada no interior paulista.

Foi só nas duas últimas décadas que a comunidade médica observou que essa incisão não confere proteção. Tanto o Ministério da Saúde como a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendam que ela seja evitada na maioria dos casos.

“Na verdade, o próprio trabalho de parto já pode afetar a musculatura. Realizar a episiotomia não muda a condição anatômica da região após o nascimento”, justifica Tedesco.

O especialista também destaca que esse é um procedimento agressivo e com alta possibilidade de complicações, como surgimento de hematomas e infecção. “Além disso, ele provoca um grande desconforto no pós-parto. O músculo é sensível, então a mulher passa a sentir dor para sentar”, alerta o tocoginecologista.

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Atualmente, a episiotomia só entra em cena quando o feto é muito grande e está demorando para nascer por causa do períneo. A OMS informa que não mais do que 10% dos partos deveriam envolver o pique.

Ou seja, é um recurso para ser empregado em último caso. E isso se decide somente quando o bebê está quase saindo — o popular “coroando”. Se ocorrerem complicações, a paciente é tratada com antibiótico e o hematoma precisa ser drenado.

Há hábitos que ajudam a evitar a episiotomia?

Sim! Fazendo atividades físicas de fortalecimento para a região pélvica, é possível diminuir as chances de necessitar do procedimento. “Precisamos trabalhar o períneo como se faz com qualquer outro músculo do corpo”, compara o membro da Febrasgo.

Em geral, fisioterapeutas especializados em gestação sabem como ativar essa musculatura.

A episiotomia no Brasil em números

A boa notícia é que o número de piques realizados no nosso país está caindo, tanto na rede pública como na privada, de acordo com um levantamento da plataforma digital BabyCenter Brasil.

A pesquisa, conduzida com 3 500 mulheres que se tornaram mães em 2018, mostra que, no total, 33% dos partos normais envolveram a técnica. Na edição anterior, de 2012, esse número chegava a 71%. Apesar da queda, cabe lembrar que, segundo esse estudo, o índice atual do Brasil supera em mais de três vezes aquela recomendação da OMS.

E um recado importante: Tedesco aponta que, mesmo sem passar pela episiotomia, algumas mulheres necessitarão de pontos cirúrgicos no períneo. Isso porque é relativamente comum surgirem pequenas lacerações naturais durante o nascimento do bebê.

“Quando isso ocorre, fazemos cortes superficiais na pele. Nesses casos, é preciso dar ponto, porém são muito menos desconfortáveis que uma episiotomia”, tranquiliza o médico.

O estudo do BabyCenter também analisou essa situação. Em 2018, 33% das entrevistadas não tiveram laceração. Outras 48% sofreram com pequenos machucados e 19%, com grandes. O levantamento não constatou aumento na incidência de lacerações naturais de 2012 até o ano passado.

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