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Novo remédio para o colesterol reduz placas de gordura nos vasos

Um anticorpo chamado evolocumabe, já liberado pela agência regulatória brasileira, mostrou combater o entupimento das artérias e atenuar o risco de infarto

Por André Biernath
Atualizado em 28 nov 2016, 13h07 - Publicado em 24 nov 2016, 14h51
Remédio colesterol alto
O tramento com os inibidores de PCSK9, uma classe diferente de remédios, exige apenas de uma injeção por mês (Luiz Carlos Lhacer/SAÚDE é Vital)
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Um estudo apresentado durante o último Encontro Científico da Associação Americana do Coração, realizado em Nova Orleans, traz ótimas notícias para os pacientes com colesterol altíssimo: a droga evolocumabe, da farmacêutica Amgen, mostrou-se capaz de diminuir a aterosclerose — as placas de gordura que se depositam nas paredes dos vasos sanguíneos e causam infarto e acidente vascular cerebral. O remédio, disponível no Brasil desde o meio de 2016, faz parte da classe dos inibidores de PCSK9. Ou seja, ele incentiva a retirada de circulação do LDL (o colesterol ruim) pelo fígado. Além do remédio da Amgen, faz parte da turma o alirocumabe (já aprovado), do laboratório Sanofi.

A pesquisa envolveu 968 indivíduos de 30 países diferentes, incluindo o Brasil. Durante 18 meses, eles foram divididos em dois grupos: metade se valeu de injeções mensais ou quinzenais de evolocumabe, enquanto a outra parte levou picadas na pele sem nenhum efeito terapêutico. Todos, porém, continuaram tomando diariamente comprimidos de estatina — o medicamento mais usado para contra-atacar níveis elevados de LDL no organismo — e passaram por baterias de ultrassom das artérias coronárias, tubos que levam sangue ao coração. O objetivo do exame era ver se o tamanho das placas de gordura por ali se alterava.

Os resultados, publicados no prestigiado periódico científico Journal of American Medical Association (Jama), revelam que 64% dos voluntários que passaram pela terapia com o inibidor de PCSK9 tiveram uma regressão significativa da aterosclerose. O efeito foi duas vezes superior ao obtido apenas com a estatina. Cerca de 90% dos pacientes tratados com as duas medicações ainda atingiram níveis de LDL menores que 70 miligramas por decilitro de sangue, valor considerado ideal para quem possui um risco maior de doenças cardiovasculares.

Leia mais: Colesterol muito alto, será que é coisa de família?

E por que essa pesquisa é tão importante assim? O principal motivo é que, por mais que a droga já seja prescrita em muitos países e o seu poder de derrubar o colesterol estar comprovado por inúmeros artigos científicos, ainda restavam dúvidas sobre sua capacidade de reduzir o tamanho das placas de gordura, que, afinal, são a causa dos ataques cardíacos. E de que adiantaria um fármaco com uma ação tão impressionante no LDL se ele não diminui o número de infartos? Esse temor foi aliviado em parte pelo estudo recém-publicado. Novos trabalhos são necessários para comprovar de vez a ligação dos inibidores de PCSK9 com menos perrengues ao peito.

É importante dizer que essa classe de medicações não chega para substituir as estatinas, que continuam como primeira escolha de tratamento para a maioria dos casos. Mas ela pode ser uma aliada valiosa nas situações em que esses comprimidos não são tolerados ou não funcionam como o desejado. Evolocumabe e companhia também figuram como opção nos casos de hipercolesterolemia familiar, uma condição genética grave e relativamente comum, marcada pelo LDL acima dos 200 e com poucas soluções realmente efetivas à disposição.

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