Morre Papa Francisco: entenda as complicações de saúde do pontífice
Causa da morte foi um AVC seguido de falha cardíaca, afirma Vaticano. Antes disso, Francisco passou quase 40 dias internado com pneumonia e insuficiência renal

O papa Francisco, que passou quase 40 dias internado entre fevereiro e março, faleceu nesta segunda (21), aos 88 anos. A causa da morte, segundo o Vaticano, foi um acidente vascular cerebral (AVC).
A evolução do estado clínico do pontífice, entre a esperança de recuperação e notícias de novas pioras, mobilizou fiéis pelo mundo ao longo dos últimos meses, com atualizações constantes sobre uma sequência de problemas respiratórios e renais.
Francisco, que comandava a Igreja Católica desde 2013, chegou a fazer uma aparição pública no domingo de Páscoa (20). Anteriormente, ele solicitou que seus ritos funerários fossem simples e focados na expressão da fé.
Entenda, abaixo, a evolução do quadro de saúde do Papa nos últimos meses:
Crises começou em fevereiro: pneumonia bilateral e insuficiência renal
Ainda na juventude, Francisco teve que retirar parte do pulmão por conta de uma pleurisia, inflamação na membrana que recobre o órgão. Nos últimos quatro anos, foi internado para tratar alguns problemas de saúde, incluindo quadros respiratórios e uma diverticulite.
A última piora do estado de saúde do papa teve início na primeira semana de fevereiro, quando o pontífice começou a apresentar dificuldades respiratórias e chegou a precisar de ajuda para ler discursos em mais de uma aparição pública.
O quadro foi inicialmente descrito como um “forte resfriado” e, posteriormente, como uma bronquite. Após a internação, os médicos confirmaram novas complicações: foi identificada uma infecção polimicrobiana, que levou a uma pneumonia bilateral e a uma insuficiência renal.
Por vários dias, o estado de Francisco permaneceu classificado como “crítico” e com “prognóstico reservado”, termo geralmente utilizado para casos mais graves em que não é possível fazer uma previsão sobre como o paciente vai progredir nos dias seguintes.
Após dar indícios de uma melhora no dia 27 de fevereiro, quando o Vaticano chegou a informar que o estado não era mais crítico, o papa voltou a ter uma crise de broncoespasmo e precisou de ventilação mecânica não invasiva.
Ainda assim, apresentou melhora e recebeu alta 38 dias depois da internação, em março, para seguir se recuperando em casa. Na manhã desta segunda-feira (21), foi vítima de um AVC seguido de uma “falha cardíaca irreversível”, segundo o Vaticano.
A trajetória do primeiro papa latino-americano
Quando foi eleito papa, em 13 de março de 2013, o homem até então conhecido como Jorge Mario Bergoglio tornou-se o primeiro latino-americano e o primeiro jesuíta a chegar ao posto mais alto da Igreja Católica.
Nascido em Buenos Aires nos últimos dias de 1936, Bergoglio ingressou no seminário aos 21 anos. Após décadas de serviços prestados à Igreja na Argentina, ele tornou-se arcebispo metropolitano de Buenos Aires em 1998, e foi elevado a cardeal pelo papa João Paulo II três anos mais tarde.
Em 2005, Bergoglio chegou a ser acusado de colaborar com o sequestro de padres jesuítas durante o pior momento repressivo da ditadura argentina (1976-1983), além de se supostamente se omitir nas investigações de outros crimes. Depoimentos posteriores revisitaram as denúncias, que foram desmentidas por muitos dos envolvidos nas investigações – e sempre foram negadas pelo então cardeal.
Em seu pontificado, Francisco ficou marcado por posições consideradas progressistas para os padrões da Igreja, gerando controvérsia entre setores mais conservadores do catolicismo, embora tenha mantido o entendimento institucional histórico em temas como o aborto e o casamento homoafetivo.
Como funciona a sucessão
Após a morte de um papa, o chamado Colégio dos Cardeais é convocado para um Conclave no Vaticano. Os chamados “cardeais eleitores”, necessariamente com menos de 80 anos de idade, estão qualificados a escolher o sucessor entre si, em votações internas que não têm um prazo para terminar.
Embora todos os conclaves tenham se resolvido em menos de uma semana desde 1846, já houve eleições que duraram meses. Em 1271, antes do estabelecimento de novas regras, o papa Gregório X só foi escolhido após quase três anos da morte do antecessor.
Para que um cardeal seja escolhido papa, é necessária uma votação supermajoritária: dois terços dos presentes devem votar pelo mesmo nome.
As sessões são fechadas e os cardeais são mantidos isolados do mundo externo, e a decisão é comunicada aos fiéis através da fumaça que sai pela chaminé da Capela Sistina. Fumaça preta indica a ausência de um eleito, e fumaça branca confirma que a escolha foi feita e será anunciada em breve.
No último conclave, em 2013, o papa Francisco foi escolhido depois de cinco sessões de votação, que se estenderam por dois dias.