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HPV: entidade americana atualiza diretrizes de vacinação

Sociedade Americana do Câncer publicou revisão para adequar recomendações de acordo com faixas etárias. Veja o que mudou e o porquê

Por Maria Tereza Santos
Atualizado em 8 dez 2020, 14h51 - Publicado em 21 jul 2020, 14h54
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  • A Sociedade Americana do Câncer (ACS, na sigla em inglês) publicou uma atualização das diretrizes de vacinação contra o papilomavírus humano (HPV), vírus sexualmente transmissível que é responsável por causar verrugas genitais e vários tipos de câncer, como de colo do útero, vulva, pênis, ânus e orofaringe. Essa é a terceira revisão do documento, criado originalmente em 2007.

    Dessa vez, a publicação se baseou nas últimas orientações dadas pelo Comitê Consultivo Federal sobre Práticas de Imunização dos Estados Unidos (Acip), de 2019. A ideia foi retificar o posicionamento da ACS quanto a essas recomendações. Apesar de concordar com a maioria delas, a entidade oncológica decidiu ponderar certos pontos. Além disso, alega que faltam evidências para uma das sugestões.

    As diretrizes da ACS revisam basicamente três tópicos: todos relacionados às faixas etárias nas quais a imunização é preconizada. Para discutir as alterações, conversamos com a pediatra Mônica Levi, presidente da Comissão de Revisão de Calendários Vacinais da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).

    Idade para começar a vacinar

    O Acip já aconselhava que crianças de 11 e 12 anos fossem vacinadas contra o HPV, mas, em 2019, informou que não há problemas em fazer isso desde os 9.

    A ACS corrobora com esse posicionamento, mas acredita que os profissionais da saúde precisam enfatizar que o ideal é realizar a imunização o quanto antes, de preferência entre 9 e 10 anos.

    De acordo com Mônica, a orientação faz todo sentido, pois o início da vida sexual tem sido cada vez mais precoce para meninos e meninas. “A vacina não trata a infecção. Portanto, o ideal é que ela seja aplicada antes do início da atividade sexual. Assim, caso haja o contato com o vírus, o adolescente já está com a proteção desenvolvida”, explica.

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    Além disso, pesquisas mostram que é mais difícil imunizar esse grupo. Em 2018, apenas 51,1% dos americanos de 13 a 17 anos estavam com o calendário relacionado ao HPV em dia.

    Aplicação para redução de danos

    Segundo o Acip, quem não tiver recebido a vacina antes dos 12 anos pode buscá-la até os 26. Porém, a ACS acrescenta que os indivíduos de 22 a 26 anos precisam ser informados de que, nessa faixa etária, a vacinação será menos efetiva para prevenir tumores.

    “Comparativamente, o número de anticorpos formados nos pré-adolescentes é maior”, justifica.

    Só que isso não se deve à perda de eficácia do imunizante. O problema da vacina tardia é que o número de pessoas com a vida sexual ativa e possivelmente já infectadas com algum tipo de HPV é maior.

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    “Mas elas irão se beneficiar da proteção contra outros tipos do vírus. Então, de qualquer forma, é interessante aplicá-la”, constata a especialista. Além disso, a profissional da SBIm diz que a imunização dos mais velhos, de ambos os sexos, é uma aliada tanto na prevenção da infeção quanto na recorrência de lesões já tratadas.

    Tem outra coisa: ainda que seja menor do que nos adolescentes, o número de anticorpos gerado pela vacina nos adultos ainda é muito maior do que aquele disparado pela infecção natural. Mais um motivo para aplicar a dose nos mais velhos.

    Vacinação em adultos

    Por fim, a ACS não concorda com a indicação do Acip de que maiores de 27 anos devam ser vacinados se houver uma decisão compartilhada por médico e paciente.

    A entidade alega que há baixa efetividade do imunizante na prevenção de câncer a partir de 26 anos.

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    Por exemplo: calcula-se que, em comparação com a aplicação até essa idade, vacinar adultos de no máximo 45 anos evitaria apenas 0,4% de casos adicionais de tumores de colo do útero.

    Apesar de não ter tanto sentido como uma medida de saúde pública, a imunização dos mais velhos seria uma aliada na terapia para tumores causados pelo HPV, pondera a profissional da SBIm.

    Um estudo da Universidade Nacional Chonnam, na Coreia do Sul, realizado de 2007 a 2010 com 737 mulheres entre 20 e 45 anos, mostrou que aquelas que trataram o câncer do colo do útero associado ao papilomavírus humano corriam menos risco de recidiva se recebessem o imunizante após a cirurgia.

    “O importante é discutir caso a caso para não gerar uma falsa expectativa. O impacto nessas situações precisa ser bem explicado e compreendido”, conclui Mônica.

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    A vacina para o HPV no Brasil

    Ela chegou no nosso país em 2006, mas somente em 2014 foi disponibilizada na rede pública. Inicialmente, vacinava-se apenas garotas de 11 a 13 anos no Sistema Único de Saúde (SUS). Hoje, a versão gratuita pode ser aplicada até os 14 anos – a partir dos 11 para os meninos e dos 9 em meninas. Na rede privada, ela acontece de 9 a 45 anos (mas, a critério médico, muitas vezes ela é feita em idades superiores).

    O imunizante encontrado no SUS é o quadrivalente, que protege dos subtipos de HPV 6,11, 16 e 18. Já nos Estados Unidos, eles utilizam apenas o nonavalente, que previne também os subtipos 31, 33, 45, 52 e 58.

    Além disso, na rede privada brasileira há a bivalente, que defende dos HPV 16 e 18. Esta tem indicação para o sexo feminino a partir dos 9 anos e sem limite superior de idade. Homens também podem recebê-la.

    O esquema de vacinação de todas é o mesmo. Antes dos 15 anos, são aplicadas duas doses com um intervalo de seis a 12 meses. Após essa idade, são três doses, sendo a segunda depois de dois meses e a terceira, após seis a partir da primeira.

    “Somos favoráveis ao calendário brasileiro. As recomendações de faixa etária estão corretas. Quanto mais cedo a gente vacinar, maior é o potencial benéfico”, finaliza a pediatra.

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