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Enfermeiros ganham mais protagonismo no novo ecossistema da saúde

Evento reúne autoridades, professores e profissionais premiados para trazer panorama sobre o papel da enfermagem na era da saúde digital

Por Da Redação
Atualizado em 23 nov 2022, 13h59 - Publicado em 23 nov 2022, 13h13
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  • “Os serviços de saúde digital se tornaram uma ferramenta de ampliação do acesso e autonomia, integrando enfermeiros e pacientes de forma inédita, diminuindo distâncias e desperdícios, melhorando os desfechos clínicos e assegurando a sustentabilidade da jornada”.

    Foi assim que Luciana Hataiama, head de enfermagem da Vibe Saúde, resumiu a sinergia entre a tecnologia e os profissionais da área e a transformação no jeito de cuidar das pessoas em um evento concebido pela healthtech brasileira para debater e prestigiar esse novo momento na história da enfermagem e da assistência médica no país.

    O encontro reuniu autoridades, professores, gestores e enfermeiros, com destaque para a Rainha Silvia da Suécia, que esteve em São Paulo para falar da causa e do prêmio internacional que leva seu nome, destinado a profissionais de enfermagem. A distinção, idealizada pela Swedish Care International e organizada pela Vibe no Brasil, está em sua segunda edição e irá reconhecer, neste ano, iniciativas de sucesso dentro do Sistema Único de Saúde (SUS).

    Um dos motes do evento foi mostrar o papel cada vez mais protagonista de enfermeiras e enfermeiros no desenvolvimento, na implementação e na rotina das linhas de cuidado, especialmente num modelo de atendimento híbrido ou virtual e conectado a outros profissionais da saúde, como médicos e psicólogos.

    O CEO da Vibe Saúde, Ian Bonde, pontuou que a pandemia de Covid-19 foi um divisor de águas para esse movimento. “O cuidado digital, que inclui a telemedicina e a teleterapia, não é novidade em países desenvolvidos como a Suécia, onde esses serviços começaram a ganhar força ainda em 2016. No Brasil, a pandemia foi o principal fator para regulamentar e impulsionar o crescimento do setor”, contextualizou.

    E ele citou números que justificam essa ascensão: “Se olharmos para 2019, menos de 1 milhão de consultas foram feitas por meio de plataformas digitais. Até o final de 2021, esse número havia aumentado para 7,5 milhões. E deverá chegar a mais de 35 milhões no final de 2022”.

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    A tendência recebeu a adesão dos profissionais e do público e mobilizou setor público e privado, grandes hospitais e convênios e, sobretudo, as startups. Em 2021, já eram mais de mil healthtechs oferecendo algum tipo de serviço no ecossistema da saúde brasileira, destacou Bonde.

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    Especialistas veem dois valores na criação e no aperfeiçoamento dos protocolos de atendimento virtual (ou híbrido): a ampliação do acesso a orientação, consultas e exames e o melhor acompanhamento na jornada de prevenção, diagnóstico e tratamento.

    “Em 2020, chegamos a quase 250 mil usuários dos nossos serviços. E, no final de 2021, atingimos quase 1 milhão, sendo que 50% das consultas são voltadas à saúde mental. Hoje são mais de 1,5 milhão de brasileiros atendidos”, contou o líder da Vibe.

    As healthtechs buscam ocupar uma antiga lacuna no sistema de saúde brasileiro: a desassistência de 160 milhões de cidadãos que dependem exclusivamente do SUS e não podem pagar por um convênio. Ainda que a rede pública seja vital para dar suporte a essas pessoas, não há como negar suas dificuldades, como falta de recursos. De acordo com Bonde, a Vibe e outras empresas do segmento procuram justamente oferecer consultas a preços acessíveis por meio de serviços digitais.

    Nesse modelo, ganha proeminência a figura do enfermeiro como um tutor ou navegador na jornada de cuidados. Ele acompanha o paciente, com o apoio de médicos e outros profissionais, para garantir uma assistência personalizada, efetiva e desburocratizada. “Cerca de 80% dos casos que recebemos são resolvidos no pronto-atendimento digital da Vibe”, exemplificou Luciana. “E 97% dos pacientes saem dos nossos atendimentos satisfeitos”.

    foto das autoridades e participantes do evento
    Luciana Hataiama (head de enfermagem da Vibe Saúde), Ian Bonde (CEO da healthtech), a Rainha Silvia da Suécia, Lu Alckmin (nova segunda-dama do Brasil), Peter Johansson (vice-cônsul da Suécia), Ana Paula Mattar (head de marketing da Vibe) e Cintia Sulzer (COO da startup). (Foto: Marie Louise Civita/Divulgação)
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    Fã e idealizadora de uma causa

    O evento contou com a participação especial (e presencial) da Rainha Silvia da Suécia. De ascendência brasileira, a monarca instituiu, junto às organizações que encabeça, uma premiação para enfermeiros de diversos países e ações projetadas para melhorar a assistência e a qualidade de vida de pessoas com demência.

    “Perder um ente querido para a demência é difícil. É doloroso. Mas minha família, diante desse triste diagnóstico para minha mãe e depois para o meu querido irmão, teve a sorte de ter o apoio de enfermeiros maravilhosos, que nos mostraram um caminho mais sereno. Sou eternamente grata à profissão de enfermagem. Com seu conhecimento, criatividade e paixão, eles nos ajudam a seguir em frente”, declarou.

    A VEJA SAÚDE Sua Majestade relatou as iniciativas de conscientização da sociedade e capacitação de profissionais (não apenas da área da saúde) para apoiar pacientes com demência e seus familiares na Suécia. “O mundo ainda não compreendeu que se trata de uma doença”, disse. “As demências representam um grande desafio para os sistemas de saúde”, ressaltou.

    A Rainha acredita que enfermeiros e assistentes de enfermagem são atores fundamentais nessa e em outras jornadas de cuidado. E, como demonstram os próprios trabalhos vencedores do Prêmio de Enfermagem Rainha Silvia da Suécia, a inovação tecnológica também é muito bem-vinda.

    “Há coisas muito interessantes sendo feitas. Profissionais desenvolveram um cinto com um air-bag que é acionado quando o idoso cai, evitando uma fratura no quadril”, dá um exemplo de inovação a monarca. Nos projetos laureados na última edição da premiação, destacam-se plataformas de assistência remota, programas baseados em realidade virtual e até redes sociais focadas em serviços e atividades para idosos.

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    + LEIA TAMBÉM: 2ª edição do Prêmio de Enfermagem Rainha Silvia da Suécia tem foco no SUS

    Inovação em todos os sentidos

    Convidada a compartilhar uma iniciativa de sucesso comandada por enfermeiros, a professora Ana Paula Guarnieri, da Faculdade de Medicina do ABC, trouxe a história e os resultados do Projeto Bem Viver, idealizado por ela depois de diagnosticar, em 2002, a expressiva demanda por cuidados dos idosos de baixo poder aquisitivo e escolaridade com doenças crônicas e ocupacionais da cidade de Santo André, na Grande São Paulo.

    “Implantamos o projeto na região periférica do município buscando otimizar os recursos existentes na comunidade e chegamos a ter uma média de 1 100 idosos cadastrados. A partir daí, construímos uma rede de autogestão, valorizando talentos entre os idosos, reavivando a cidadania e o pertencimento desse público na construção da comunidade. O sonho se disseminou e a ideia vingou e prosperou pela cidade inteira”, recordou.

    Após a pandemia, com novos desafios e realidades emergentes, esse e outros projetos da mesma envergadura já estão estudando ou ganhando uma extensão digital. E é sob essa perspectiva que o Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo, representado no evento por sua vice-presidente, Erica Chagas, vê com bons olhos a expansão da atuação do enfermeiro num mundo em que o presencial e o virtual devem conviver cada vez mais. 

    foto dos participantes
    A Rainha Silvia com os enfermeiros que foram destaque na primeira edição do prêmio no Brasil, incluindo o vencedor, Jean Singh (de preto). (Foto: Marie Louise Civita/Divulgação)

    Fechando o ciclo de palestras, o enfermeiro Jean Singh, grande vencedor do primeiro Prêmio de Enfermagem Rainha Silvia da Suécia no Brasil, sublinhou a importância de os profissionais da área buscarem a inovação e entenderem que esse conceito não se resume apenas à tecnologia. “Três pilares são essenciais para nós, enfermeiros: comunicação, empatia e resolução de problemas”, disse.

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    “Esta premiação deixou em evidência a importância de empreender e transformar e, ao olharmos para as equipes de enfermagem brasileiras, enxergamos diversos exemplos de atividades empreendedoras e inovadoras”, afirmou Singh, que, em sua fala, relembrou a trajetória de ícones desse setor no país, como Anna Nery e Wanda Horta. 

    Hoje no Inova-HC, vinculado à Faculdade de Medicina da USP, o enfermeiro premiado também defendeu que “a classe seja mais valorizada no Brasil”, pois é o “alicerce” do sistema de saúde.

    “Há pouco mais de um ano firmamos o compromisso de ser o organizador oficial no Brasil do Prêmio de Enfermagem Rainha Silvia da Suécia e pudemos adentrar mais profundamente o universo da enfermagem para celebrar seus profissionais e promover mais qualidade de vida e longevidade aos pacientes”, destacou Ana Paula Mattar, head de marketing da Vibe Saúde.

    E foi esse clima de reconhecimento e propostas para o futuro que deu a tônica ao encontro, que também contou com os outros enfermeiros finalistas do Prêmio Rainha Silvia da Suécia 2021 e autoridades como a nova segunda-dama, Lu Alckmin, e o vice-cônsul da Suécia, Peter Johansson.

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