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Coronavírus: o que o caso confirmado de reinfecção significa na prática?

A primeira comprovação de reinfecção pelo coronavírus foi reportada em Hong Kong. Entenda o que essa descoberta muda no combate à pandemia

Por Maria Tereza Santos
Atualizado em 22 set 2020, 15h22 - Publicado em 28 ago 2020, 19h05

Pesquisadores de Hong Kong relataram o primeiro caso confirmado de reinfecção pelo novo coronavírus (Sars-CoV-2), causador da Covid-19. O paciente é um homem de 33 anos que pegou o vírus, foi curado e, quatro meses depois, voltou a ser contaminado..

A confirmação veio após os pesquisadores checarem, com exames confiáveis, que o Sars-CoV-2 responsável pela segunda infecção tinha um material genético ligeiramente diferente do que havia invadido o organismo desse homem tempos antes.

Ou seja, não é que o mesmo vírus havia se escondido em algum canto do corpo para voltar a aparecer. Era realmente outra infecção. O fato foi relatado em um estudo, publicado no periódico científico Clinical Infectious Diseases.

Apesar de, em um primeiro momento, a notícia provocar certo pânico, não entre em desespero. “Primeiro porque essa pequena mutação não torna o Sars-CoV-2 mais perigoso do que já conhecemos”, afirma o virologista Paulo Eduardo Brandão, professor da Universidade de São Paulo (USP).

De acordo com o especialista, o resultado apenas reforça a suspeita de que a imunidade contra o coronavírus pode ter um prazo de validade. “Isso era esperado. É um padrão dos integrantes da família desse vírus”, aponta.

Em outras palavras, é possível que quem já pegou Covid-19 volte a ser infectado pelo novo coronavírus tempos depois. Mas, no momento, nem sabemos se isso é uma regra, ou exceção. É importante agora que os cientistas busquem outros casos semelhantes para tornar os dados mais robustos.

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Mas certas especulações podem ser feitas. Segundo Brandão, é possível que uma eventual vacina precise ser reaplicada de tempos em tempos para manter o corpo imune. Cabe só ponderar que a resposta imunológica disparada pela vacinação é diferente da natural — ou seja, não dá pra saber se haveria possibilidade de reinfecção pelo coronavírus após a injeção.

De qualquer jeito, se isso acontecesse, não seria uma questão inédita para a humanidade. A vacina da gripe, por exemplo, deve ser tomada anualmente. No Brasil, ela é oferecida gratuitamente na rede pública de saúde para certos grupos de risco.

A diferença é que, no caso da gripe, a reaplicação é realizada porque o vírus influenza sofre mutações constantes — e diferentes cepas ganham espaço a cada ano. “Já o Sars-Cov-2 tem um relógio lento. Ele não vai mudar significativamente em um curto período de tempo”, informa Brandão. “A revacinação para a Covid-19 não teria a ver com a mutação do agente infeccioso, mas com a baixa duração da imunidade”, arremata.

E no dia a dia, muda alguma coisa?

A nova infecção do paciente de Hong Kong, ao contrário da primeira, foi assintomática. Olhando o copo meio cheio, daria para imaginar que, se uma pessoa pegasse de novo o coronavírus, os sintomas pelo menos seriam mais brandos, uma vez que seu organismo estaria minimamente preparado. Porém, Brandão pondera que não dá para fazer esse tipo de afirmação com base em um único caso.

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“Talvez ele estivesse num momento imunológico bom para combater a doença”, comenta o professor. Em outros dois pacientes que teriam pegado o coronavírus de novo, um na Holanda e outro na Bélgica, sintomas da infecção foram notados.

E mais: mesmo que a gravidade da doença seja menor, ainda assim a reinfecção, se for relativamente comum, facilitaria a transmissão do novo coronavírus. Enquanto a vacina não chega, precisamos ter em mente que a possibilidade de uma segunda onda — e até uma terceira — existe.

Além disso, a descoberta mostra que mesmo quem já teve Covid-19 não pode relaxar na prevenção. “As pessoas têm que continuar resistindo, usando máscara, mantendo o distanciamento social e evitando aglomeração. Não é hora de baixar a guarda”, conclui Brandão.

 

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