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Conheça “Rainy Day”, um jogo sobre ansiedade e depressão

Brasileira desenvolveu o game para mostrar como é a rotina de quem sofre com esses problemas

Por Karolina Bergamo
Atualizado em 4 jul 2018, 12h41 - Publicado em 5 ago 2016, 14h44
Amora
Amora (/)
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Está chovendo hoje.

Eu acho que...
• Vou ficar em casa
• Vou para o trabalho 
• E daí?

Escolher entre uma das opções acima parece simples, mas, para pessoas que sofrem de depressão e ansiedade, dias chuvosos podem se tornar um grande tormento. De olho nisso, a designer de games Thais Weiller, uma das fundadoras da empresa JoyMasher, escolheu esse cenário como palco para criar o jogo Rainy Day. Segundo ela, o game existe para ilustrar como a ansiedade e a depressão podem impedir alguém de ter uma vida feliz.

Lançado na semana passada, o Rainy Day já conta com muitos acessos e popularidade. Conversamos com a criadora para saber como foi o processo de concepção do projeto e os impactos dele em sua vida e na de outras pessoas. Veja a entrevista completa abaixo.

Como surgiu a ideia de fazer o Rainy Day?

Já houve vários momentos da minha vida em que me senti bastante ansiosa e deprimida. Especialmente no ano passado eu estava assim, porque não estava trabalhando criativamente. Como ocupava uma posição de coordenação, precisava deixar os designers mais confortáveis para eles mesmos criarem. Então, evitava ao máximo dar qualquer contribuição criativa no trabalho.

Além de tudo, me sentia um pouco limitada nesse aspecto. Então, depois de algum tempo, decidi que eu mesma devia fazer um jogo. Já que eu sentia falta de me expor criativamente e estava me sentindo nesse buraco (de novo), por que não fazer um jogo sobre isso?

Foi aí que eu comecei o projeto. Quando estava mais ou menos na metade, chamei a Amora para participar e ajudar com as imagens — o que também foi muito importante para o processo.

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Superou a depressão? Conte aqui a sua história​

O jogo ficou praticamente pronto há mais ou menos cinco meses. Só que perdi o foco, não conseguia mais mexer nele direito (acho que era porque eu estava me sentido melhor). Mas há duas semanas decidi que devia lançar e foi assim que ele nasceu.

Você tirou a inspiração da sua própria rotina?

A inspiração veio principalmente da minha rotina, mas não só. Gosto de conversar com as pessoas sobre o que elas estão passando e como se sentem. Muitos detalhes do Rainy Day vêm disso. A mão tremendo em uma das passagens, por exemplo, é algo que acontece com um amigo meu. A rotina de jogar, ganhar e ficar melhor ou perder e se sentir horrível, mas ainda assim ter dificuldade de parar, é de outro amigo. Inclusive, eu imaginava que o jogo ficaria entre amigos, mas acabou tomando uma dimensão que eu não esperava.

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Eu joguei algumas vezes para conhecer e achei muito interessante a forma com que você conseguiu construir e transmitir o ciclo de indecisão e pensamentos repetitivos que geralmente acompanha quem sofre de depressão e ansiedade. Deu pra sentir até um pouco da angústia. Você acha que isso pode ajudar as pessoas de alguma forma? 

O mais surpreendente desde o lançamento foi justamente a capacidade que o jogo tem de ajudar as pessoas. Vários amigos, pessoas que eu achava que tinham as vidas mais normais do mundo, vieram me dizer que se identificaram muito com o jogo. Outros disseram que não se identificavam, mas que conheciam alguém com o problema — um amigo, irmão ou esposa — e que o jogo os ajudava a entender melhor a situação.

Algumas pessoas, por outro lado, se sentiram mal jogando. Elas disseram que era muito próximo de como estavam — foi uma minoria, mas me senti triste por elas.

O retorno tem sido muito bom. Uma amiga (que agora está nos agradecimentos especiais) sugeriu colocar, no final do jogo, uma lista de profissionais que podem ajudar pessoas com esses problemas. Eu adorei a ideia e está lá agora.

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Thais Weiller /Amora Thais Weiller /Amora

Depois de terminar o jogo, você se sentiu melhor? Já procurou algum tipo de ajuda médica? 

Eu me senti bem melhor ao lançar o jogo. Muitos amigos me procuraram para falar sobre como eles se sentiam e eu me considerei menos sozinha nisso. O jogo ganhou muita popularidade e os acessos subiram bastante. Foi meio assustador no começo, mas as reações estavam sendo predominantemente positivas, então fiquei feliz também.

Eu nunca procurei ajuda para os meus problemas. E o fato de ficar mudando tanto de cidade não foi muito propício para isso também. Sou do Paraná, mas, desde que me formei já morei em São Paulo, em Manaus, na Índia e, agora, estou em Curitiba. Só que desde que lancei o jogo percebi que a maioria das pessoas o descreve como uma situação de depressão. Por isso, decidi que devo, sim, procurar ajuda.

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