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Ciência, arte e prevenção são destaques em fórum sobre envelhecimento

As novas perspectivas do envelhecimento saudável foram discutidas no Fórum Longevidade 360º, oferecido em parceria entre VEJA SAÚDE e GSK

Por Ingrid Luisa
Atualizado em 29 ago 2023, 14h38 - Publicado em 21 ago 2023, 17h54

Hoje, o Brasil conta com cerca de 30 milhões de pessoas com mais de 60 anos, o que equivale a 14% da população do país, de acordo com o Ministério da Saúde.

As projeções para os próximos anos confirmam a tendência de envelhecimento populacional. Em 2030, o número de idosos deve superar o de crianças e adolescentes de 0 a 14 anos em aproximadamente 2,28 milhões.

Diante desse cenário, VEJA SAÚDE e a farmacêutica GSK realizaram, no último dia 18, o fórum Longevidade 360º: um olhar atual sobre a revolução do envelhecimento saudável.

Profissionais que são referência em diversas áreas relacionadas ao tema se reuniram para discutir os aspectos mais urgentes que impactam diretamente o processo de envelhecimento saudável.

Confira como foi:

Visão geral sobre o futuro: mudanças nas dinâmicas sociais

Para abrir à noite, o futurista Tiago Mattos fez previsões sobre como o envelhecimento populacional repercutirá nas mudanças sociais.

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Segundo o especialista, esse processo estará permeado (e será facilitado) pela tecnologia. Ele explicou que, daqui a alguns anos, a tendência é que os dados de saúde das pessoas sejam propriedade delas, e não de sistemas públicos ou privados de saúde.

Poderemos ter, por exemplo, um mundo em que cada um será dono de sua data Wallet e poderá vender suas informações para redes sociais ou planos de saúde.

Essa gestão mais eficiente dos dados facilitará o cuidado em saúde. “Dispositivos inteligentes poderão agendar consultas para as pessoas ou negociar medicações com as farmácias, tudo de uma forma mais automatizada, científica e eficiente”, teorizou o futurista.

Thiago apresentou em sua fala diversos gadgets que podem auxiliar no envelhecimento saudável.

Por exemplo, uma das maiores promessas é a nutrição sensorial, que possibilitará que as pessoas consumam alimentos mais nutritivos ou menos calóricos com a sensação de que estão comendo algo mais palatável (um brócolis com gosto de chocolate, por exemplo).

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Isso ajudará a melhorar a qualidade da alimentação e previnir diversas doenças que impactam o envelhecimento saudável.

Por fim, ele afirmou que o futuro promete mais inclusão e grandes mudanças no tecido social, com empresas lucrando mais quando consideram questões como a diversidade e o impacto ambiental de seu negócio.

+Leia Também: 7 questões urgentes para debater o envelhecimento no Brasil

O paciente no centro de tudo

A jornalista Chloé Pinheiro, editora de VEJA SAÚDE, conduziu a segunda parte do evento: uma conversa entre profissionais renomados versados no cuidado centrado no paciente, uma tendência mundial que começa a chegar no Brasil.

Trata-se de um novo paradigma, onde a experiência do paciente deve ser priorizada, tendo como foco não apenas seu bem-estar durante o atendimento, mas seus objetivos no tratamento, a troca de informações e a tomada de decisões compartilhadas com o médico.

Esse modelo impacta positivamente a assistência à saúde dos idosos. 

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A primeira a falar foi a médica geriatra Patrícia Ferreira, head do programa Longevidade D’Or, implantado pela Rede D’Or em dezenas de seus centros de atendimento.

Ela falou que, mais que hospitais amigos dos idosos, que já existem em estados como São Paulo, precisamos de todo um sistema de saúde adaptado a idosos, e isso se baseia em quatro Ms: mobilidade, medicações, mentation (termo em inglês para referenciar problemas neurológicos) e what matters, que significa o que mais importa para o paciente.

Kelly Rodrigues, CEO e fundadora da Patient Centricity Consulting, primeira empresa especializada em experiência do paciente no Brasil, acrescentou que a perspectiva do paciente é fundamental.

“Não se trata a doença, e sim a pessoa que está doente. Isso é cuidado centrado”, resumiu.

Kelly explicou que esse cuidado centrado envolve dar autonomia ao paciente de diversas maneiras: educando sobre a patologia; dando acesso a um cuidado coordenado entre diversos profissionais da saúde, dividindo as decisões clínicas; desenvolvendo um plano de cuidado que engaje o paciente, dentre outros.

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“Hoje há uma relação assimétrica na saúde, o profissional porta as informações e o paciente só obedece, mas isso precisa mudar”, alega Kelly.

“O Estatuto dos Diretos do Paciente, que está para ser aprovado no Senado, envolve explicação sobre a patologia, direito a segunda opinião, direito a seu prontuário e isso traz luz sobre direitos e deveres tanto para os profissionais e instituições de saúde quanto para os usuários que vão ter esses acessos”, finaliza.

+Leia Também: Selo que exige alguns compromissos garante que hospital é amigo do idoso

O endocrinologista Marcelo Alvarenga, coordenador do curso de pós-graduação em Experiência do Paciente e Cuidado Centrado na Pessoa, parceria entre o Hospital Sírio-Libanês e o The Beryl Institute, concordou com as falas iniciais das convidadas.

Ele acrescentou que entender a expectativa e a perspectiva do paciente é essencial, pois a escuta profissional é o que mais marca uma pessoa. Muitos profissionais, contudo, não são formados para isso.

Segundo o médico, é preciso trabalhar mais a cultura do cuidado integral.

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“Será que hoje conseguimos olhar para as pessoas em todas as suas necessidades? O cuidado integral prega que você se cuide, cuide dos outros e seja cuidado, para ter um envelhecimento saudável”, diz o médico.

Ele ainda provocou a plateia ao lembrar que o sistema de saúde é “médicocêntrico”, e é precisa ser mais “pacientecêntrico”. Neste contexto, é fundamental a atenção de equipes multiprofissionais, para atender às diversas demandas da vida do paciente.

Para finalizar, a geriatra Maísa Kairalla, presidente da Comissão de Imunização da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, afirmou que o cuidado com o envelhecimento deve começar na juventude.

Maísa abordou a importância de promover a saúde de uma maneira ativa, ressaltando que atividade física, boa nutrição, e cuidado com aspecto psicológicos, religiosos e sociais são cruciais. A ideia não é só tratar bem doenças, mas apostar em prevenção.

“A gente nasce dependente e morre dependente. Mas, para envelhecer com saúde, é preciso tomar atitudes preventivas, querer viver, ter resiliência e um propósito de vida”, comenta.

Maísa também chama a atenção para outro ponto muito importante: a vacinação nessa faixa etária, tão essencial quanto a infantil, mas ainda muito subestimada.

Segundo a médica, há um efeito downstream, e a vacinação correta não apenas protege contra doenças mas contribui para todo um espiral positivo dentro do envelhecimento saudável.

Como exemplo, trouxe estudos que mostram que a vacinação contra algumas doenças pode reduzir o risco de demência e de infartos.

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O segredo do envelhecimento saudável é genético?

Afinal, os genes de pessoas centenárias são iguais aos nossos? 

Quem avaliou esse questionamento foi a geneticista Mayana Zatz, professora da Universidade de São Paulo (USP) e uma das principais referências nacionais no estudo do genoma humano.

Hoje existe um interesse enorme em realizar pesquisas que apontem o que se pode fazer para envelhecer bem, e Mayana falou um pouco sobre as pesquisas que conduz na área.

Segundo a professora, o número de centenários está crescendo, mas nem todos são como imaginamos. Ela relatou que foram feitos estudos, por exemplo, com pessoas que fumaram durante toda a vida, têm sobrepeso e nunca praticaram exercícios físicos e, menos assim, chegam aos 100 anos ou mais muito bem.

As pesquisas procuram entender se essas pessoas têm variantes genéticas protetoras e, além disso, investigar como são os neurônios delas, visto que muitas não perderam sua capacidade cognitiva.

“Quanto mais idosa é a pessoa, maior é a influência genética, e menor é a exercida pelo ambiente”, explicou Mayana.

Segundo ela, a medicina do futuro é preditiva, preventiva, personalizada e participativa, os quatro Ps. Neste sentido, investigar as variações genéticas ligadas a longevidade pode ajudar a desenvolver medicamentos que ajudem aqueles que não foram “premiados” com os genes dos centenários. 

“A edição de genes protetores da vida será possível? Pensamos nisso para o futuro, juntamente com a medicina regenerativa”, finaliza a pesquisadora.

+Leia Também: Idosos que mantém cérebro ativo podem adiar em cinco anos o Alzheimer

A arte e energia como chaves

Para concluir o evento, nada como olhar para alma. O maestro e pianista João Carlos Martins e Monja Coen conversaram com a jornalista Cris Guterres, que apresentou o evento, sobre equilíbrio e sabedoria frente ao envelhecimento.

Segundo Monja Coen, controlar a respiração para equilibrar o corpo é um ponto chave. “Não podemos atropelar cada instante agravado e precioso da vida. É preciso equilíbrio”, afirmou.

Para João Carlos Martins, tudo que lhe moveu durante décadas de arte foi seu propósito. “Você pode ajudar a nova geração durante sua velhice desde que você adote uma causa”, disse o maestro.

E concluiu com uma frase para a vida. “A ciência cura o corpo, e a arte cura a alma”.

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