Recentemente, a equipe de Veja SAÚDE esteve no 58º congresso da Associação Europeia para Estudo do Diabetes (EASD, na sigla em inglês), realizado em Estocolmo, na Suécia.* Uma pauta importante por lá foi a chegada de novas tecnologias para melhorar o controle dos níveis de glicemia e insulina no sangue.
Uma que chamou bastante a atenção foram as canetas inteligentes de insulina. Trata-se de uma inovação que registra automaticamente as doses aplicadas, com data e hora, e conversa com dispositivos ou aplicativos de gestão da doença.
O objetivo de um dispositivo do tipo é evitar erros na dosagem ou esquecimentos. Pacientes com diabetes tipo 1 e alguns pacientes com diabetes tipo 2 precisam injetar insulina ativa algumas vezes ao dia, como antes das refeições, por exemplo.
Isso geralmente é feito com canetas descartáveis. Mais recentemente, chegaram ao país as versões duráveis, que podem ser usadas mais de uma vez, recarregadas com novos cartuchos e agulhas. A próxima evolução são justamente as canetas conectadas, como as apresentadas no congresso da EASD.
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Estudos já comprovaram que o uso desses dispositivos é custo-efetivo e de fato melhora o controle da doença. Uma análise de vida real da Suécia, onde o produto é distribuído pelo sistema público de saúde, mostrou que houve ganho de qualidade de vida e menos complicações do diabetes após a incorporação do aparelho no dia a dia dos pacientes.
“Indivíduos com diabetes passam, em média, uma hora por dia em autocuidado, o que equivale a dois anos completos dedicados exclusivamente à sua doença. O dispositivo tem potencial de reduzir essa carga”, comenta Priscilla Mattar, diretora Médica da Novo Nordisk.
Outra pesquisa, apresentada no congresso da EASD pela empresa dinamarquesa de maneira preliminar (ainda não revisada por pares e publicada em periódicos científicos), apontou que o uso do dispositivo evita a perda de injeções e aumenta o tempo dentro do intervalo de glicemia ideal.
Como funciona a caneta de insulina inteligente
No congresso da EASD, as empresas Medtronic, Sanofi e Novo Nordisk apresentaram seus modelos. No geral, eles registram as doses, enviam para um banco de dados e permitem visualizar quantas injeções de insulina ativa foram tomadas durante o dia, como está o nível de insulina ativa no organismo.
Alguns modelos ainda conversam com os sensores de glicemia e emitem alarmes quando ela começa a subir.
O funcionamento varia um pouco de acordo com a marca. A versão da Sanofi, Solo Smart, é uma tampa removível, recarregável e acoplável nas canetas recarregáveis da marca, que registra as doses e envia para aplicativos no celular via Bluetooth.
Ela guarda na memória as últimas 100 doses de insulina e será lançada na França, na Alemanha e no Japão no primeiro semestre de 2023.
Já os produtos da Novo Nordisk, NovoPen 6 e NovoPen Echo Plus, são baseados na tecnologia NFC, a mesma usada nos pagamentos por aproximação. Eles têm um display que mostra a quantidade de doses e o tempo que se passou desde a última aplicação. Basta passar a caneta no celular para descarregar os dados.
No futuro, de acordo com o que escutamos na Esmo, essa tecnologia pode se aprimorar ainda mais, conversando com bibliotecas de comida, por exemplo, e com outros dados do indivíduo para oferecer doses ainda mais personalizadas.
Resta saber se os milhões de brasileiros que vivem com a doença terão acesso a essas novidades, pois ainda não há previsão de lançamento de nenhuma marca por aqui.
Vej,a no vídeo abaixo, feito pelo repórter Tom Bueno, do canal Um Diabético, um pouco mais sobre elas:
*A reportagem viajou a convite da Novo Nordisk.