Metade do peso de seu corpo está distribuída em músculos, gordura, tendões, nervos periféricos… E, assim como acontece no resto do organismo, as células que compõem essas estruturas podem ficar doentes e originar um câncer. Trata-se do sarcoma de partes moles, um tumor relativamente raro, mas que provoca cerca de 5 mil mortes só nos Estados Unidos por ano — infelizmente, faltam dados sobre a incidência dele aqui no Brasil.
“Até agora, não existia uma droga específica para combatê-lo”, conta o oncologista Rodrigo Munhoz, do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. Mas a espera está prestes a acabar: a droga olaratumabe, da farmacêutica Eli Lilly, foi recentemente liberada pelas agências regulatórias dos Estados Unidos e da Europa.
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Seus resultados preliminares foram tão positivos que o remédio ganhou o selo de terapia inovadora e teve o processo de aprovação acelerado, uma vez que ele pode beneficiar um grande número de pacientes. A experiência, que foi relatada num artigo científico publicado no prestigiado periódico The Lancet, envolveu 133 voluntários, que foram divididos em dois grupos.
O primeiro ganhou doses do olaratumabe e de doxorrubicina, um quimioterápico convencional. A segunda turma recebeu apenas a tal doxorrubicina. Os indivíduos que se valeram do tratamento duplo tiveram uma sobrevida média sem progressão da doença de 11,8 meses, o que não foi obtido apenas com a químio.
O olaratumabe integra a classe das terapias-alvo, drogas que agem como um míssil teleguiado e atacam com precisão uma parte específica do câncer. “Ele interfere numa proteína chamada PDGFR-alfa, que está envolvida no desenvolvimento do tumor. Assim, impede que as células cresçam e causem mais incômodos”, explica Munhoz, que também é médico do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo.
O novo medicamento já passa a ser a primeira opção de tratamento junto com a químio no sarcoma de partes moles com metástase. A expectativa é que ele chegue ao Brasil apenas em 2018 ou 2019.