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Brasil tem quase 600 mil médicos; mulheres são maioria pela primeira vez

Nova edição da Demografia Médica Brasileira destaca ainda renda média, crescimento de médicos não-especialistas e principais desigualdades

Por Chloé Pinheiro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 30 abr 2025, 13h56 - Publicado em 30 abr 2025, 13h12
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Barreiras no acesso à saúde cresceram em 2023, segundo índice internacional (Prostock-Studio/Getty Images)
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A Associação Médica Brasileira (AMB) e a Universidade de São Paulo (USP) lançaram, nesta quarta (30) a Demografia Médica no Brasil 2025. Esta é a 7a edição do levantamento, que faz um raio X completo da medicina no Brasil. 

O censo mostra que existem pouco mais de 597 mil médicos em atividade no Brasil. Em 2023, eram 562 mil. E, no final de 2025, deverão ser 635 mil

O ritmo de crescimento da categoria, aliás, preocupa os especialistas. Em 5 anos, mais de 116 mil novos médicos entraram no mercado de trabalho. 

“Pode ser positivo ter mais médicos, mas precisamos mensurar também a qualidade desses profissionais. Estamos preocupadíssimos com os egressos das faculdades hoje”, destaca César Eduardo Fernandes, presidente da AMB. 

A entidade defende a realização da prova de avaliação dos formandos e dos residentes. Neste sentido, um exemplo do que pode acontecer é a “OAB dos médicos”, atualmente em discussão no Senado Federal. 

Mais mulheres na medicina 

Uma das novidades é que, pela primeira vez na história, as mulheres se tornarão maioria na profissão. Ainda em 2025, ela representarão 50,9% da categoria. E, em 2035, o número deverá chegar a 56%. 

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A presença feminina nas faculdades de medicina cresceu 8% entre 2010 e 2023, chegando a 61% dos 266 mil estudantes do país. E elas são maioria também entre os residentes (58%). 

“É uma mudança histórica, que nos orgulha, mas ao mesmo tempo nos convoca a construir um sistema de saúde mais equânime”, comentou Eloisa Bonfá, primeira diretora mulher da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), no lançamento da Demografia. 

A renda declarada por elas, entretanto, é menor do que a dos homens. 

Dispara o número de médicos não especialistas

Dos quase 600 mil médicos, 353 mil (ou 59% do total) são especialistas, e 40% apenas se formaram e atuam como generalistas. Esta segunda fatia, destacam os autores da Demografia, está crescendo rapidamente. Em 2022, eram 192 mil. Agora, 244 mil. 

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Embora as vagas de residência não acompanhem o crescimento da graduação, as ofertas de cursos de pós-graduação, inclusive na modalidade do ensino à distância (EAD), aumentaram. 

E isso não é um bom sinal, avaliam os especialistas. “A pós-graduação cresceu de maneira totalmente desregulada, com grande variação de carga horária, tempo de duração, mimetizando nomes de reais especialidades”, apontou Mario Scheffer, da FMUSP, coordenador da Demografia.

“Ela pode ser um caminho para a educação médica, mas jamais substituir a residência e a especialização”, destacou. 

No lançamento da demografia, os presentes destacaram a importância de valorizar e ampliar a residência médica. “Deveríamos ter vagas de residentes para todos os formados, distribuídas em território nacional, até porque o local onde o médico faz a residência é onde ele tende a se fixar depois da formação”, afirmou o Ministro da Saúde Alexandre Padilha, que participou virtualmente do evento.

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Distribuição de médicos para a população

Hoje, a média nacional é de 2,97 médicos por 100 mil habitantes, ainda abaixo da média dos países membros da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) de 3 profissionais, mas ainda este ano o país deverá atingir esse patamar. 

Num ranking de 47 países, o Brasil tem a 33ª maior densidade de oferta de médicos por habitante, bem abaixo de países como Portugal, com 5,6, e da própria vizinha Argentina, com 3,9 médicos para a mesma fatia da população. 

E há, ainda, muita desigualdade nacional. Na Região Norte, a taxa é de 1,7 para cada 100 mil pessoas, enquanto no Sudeste é de 3,77. Quando o assunto é o acesso a especialistas, as disparidades são ainda maiores, aponta o censo. 

Número de escolas saltou de 252 para 448 em 10 anos

Foram abertas, em média, 2,5 mil novas vagas na graduação por ano. A abertura de novas faculdades cresceu para atender às demandas do Projeto Mais Médicos, mas preocupa a qualidade do ensino. 

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Mais de 90% da abertura de vagas ocorreu em escolas privadas, e ainda há 184 processos para abertura de novos cursos no MEC. A privatização da oferta é outro ponto de atenção. “É claro que não se pode generalizar, mas as escolas privadas, de acordo com todos os indicadores, tem uma capacidade inferior às escolas públicas de formar bons médicos”, aponta Scheffer.

Entre tais indicadores, citados no estudo, estão o maior percentual de professores sem doutorado, o dobro de alunos por docente, menos professores em dedicação exclusiva e pior desempenho nas avaliações como o Enade.

Renda mensal é de R$36 mil reais

Segundo estudo que avaliou a renda declarada no IRPF, os médicos recebem, em média R$36 mil, a grande maioria deles sem vínculo empregatício formal. 

Houve um discreto aumento em relação a 2023, mas a tendência é de queda no decorrer dos anos. Para se ter ideia, em 2014 a renda mensal era de R$40,8 mil.

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“Mas é uma média alta, ainda que às custas de multiplos empregos e jornadas de trabalho exaustivas”, pontuou Scheffer.

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