O Brasil reconquistou nesta terça (12) o certificado de país livre do sarampo, rubéola e Síndrome da Rubéola Congênita (SRC). O diploma havia sido conquistado em 2016 e perdido em 2019, quando as quedas nas coberturas vacinais levaram à volta da circulação do vírus em praticamente todo o território nacional.
O anúncio será feito em Brasília, pelo secretário geral da Organização Pan-Americana de Saúde, Jarbas Barbosa, e é fruto de um esforço conjunto entre Ministério da Saúde, Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) e outras entidades.
“Desde que perdemos o certificado, trabalhamos para reconquistar esse status. Primeiro, aumentando as coberturas vacinais, mas não só. É preciso garantir que o vírus não está circulando mesmo, então também ampliamos ações de monitoramento e investigação de casos suspeitos, inclusive nas fronteiras”, comenta o infectologista Renato Kfouri, da SBIm.
Sarampo fez estrago entre 2018 e 2022
As coberturas vacinais vinham caindo desde 2016, e, em 2019, começaram a despencar até atingirem cerca de 50% em 2021. O Brasil chegou a ser considerado um dos dez países com mais crianças sem as vacinas básicas da infância.
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No meio disso, em 2018, populações migrantes e turistas infectados pelo vírus chegaram ao Brasil. “E tínhamos uma população de não vacinados suficiente para fazer o patógeno voltar a circular”, comenta Kfouri, que também é vice-presidente da Câmara Técnica voltada ao sarampo.
A partir daí, só entre 2018 e 2019, foram 31 mil casos, e mais 8 mil em 2020 e cerca de 700 entre 2021 e 2022. O último caso autóctone (transmitido localmente) foi registrado em junho de 2022, no Amapá.
Casos em 2024 reforçam que não dá para baixar a guarda
Vale dizer que ser uma zona livre de sarampo não quer dizer que não há casos no país, mas sim que o vírus não se dissemina pelo território. Ou seja, os registros até acontecem, mas são sempre importados e não geram outras infecções aqui.
Esse ano, 4 casos foram notificados no Brasil, todos importados, no Rio Grande do Sul, Minas Gerais e São Paulo. “Todos tinham viajado, e o fato de o vírus ter circulado por aqui, mas não atingido ninguém, só reforçou que estamos no caminho certo”, aponta Kfouri.
Mas o médico reforça que tão difícil quanto reconquistar o certificado é mantê-lo. Por isso, é preciso seguir investindo na vacinação, que, apesar de ter melhorado, ainda não atingiu seu patamar ideal. A cobertura vacinal da tríplice viral, que protege do sarampo, hoje está em cerca de 90% na primeira dose e 75% na segunda.
Outro eixo importante é seguir monitorando fronteiras. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) está divulgando avisos sobre sarampo em zonas de fronteira, portos e aeroportos. “O risco de reintrodução continua alto. Só na Europa, temos 30 mil casos por ano”, encerra Kfouri.