Há mais de uma década, numa pesquisa inédita no mundo, um cientista da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e do Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino transformou células em neurônios para estudar transtornos mentais.
Com a reprogramação celular, o nome da técnica, a informação genética pode ser editada por meio de ferramentas de biologia molecular.
Tudo começa com células-tronco reprogramadas, também conhecidas como células-tronco de pluripotência induzida, que podem se transformar em todo tipo de tecido, preservando suas características genéticas. Assim, em laboratório, foi possível criar minicérebros e estudar fatores capazes de interferir no desempenho da massa cinzenta.
No caso desse trabalho, premiado em 2015, foram isoladas células da urina de pessoas com esquizofrenia – distúrbio marcado por crises de alucinação e sensação de perseguição –, para recriar neurônios com a doença.
A ideia era estudar alterações celulares e moleculares para melhorar a compreensão sobre a doença e desenvolver medicamentos mais eficazes para o tratamento desse e de outros transtornos mentais.
Assim foram criados organoides cerebrais, estruturas tridimensionais que crescem em laboratório como uma espécie de miniatura do cérebro. A análise desse material indica que os neurônios dos esquizofrênicos sofrem maior oxidação, por exemplo.
Os avanços nas pesquisas com minicérebros já permitem explorar questões relacionadas ao neurodesenvolvimento, como o transtorno do espectro autista (TEA), abrindo novas perspectivas com potencial para mudar a história e a qualidade de vida dos pacientes.
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Produção de minifígados
Em outra frente, cientistas do Centro de Pesquisa sobre o Genoma Humano e Células-Tronco, ligado à Universidade de São Paulo (USP), combinam técnicas de reprogramação celular com a impressão 3D para dar origem a minifígados.
Em artigo publicado no periódico Biofabrication, os autores ressaltam que “tecnologias modernas de bioimpressão 3D aliadas a enxertos derivados de células-tronco pluripotentes induzidas autólogas (iPS) podem representar uma abordagem relevante de engenharia de tecidos para tratar pacientes com doença hepática terminal”.
A técnica testada pela equipe ainda traz esperança de que, no futuro, as células da própria pessoa possam ser reprogramadas para a construção de um novo órgão em laboratório, como uma alternativa à espera pela doação de um fígado – e sem o risco de rejeição.
Projetos revolucionários como esses foram avaliados pela equipe de jurados da edição 2024 do Prêmio VEJA SAÚDE Oncoclínicas de Inovação Médica. Os vencedores das oito categorias serão anunciados no dia 26 de setembro e você pode acompanhar tudo por aqui e pelo site da premiação.
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