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13 notícias quentes para quem tem artrite reumatoide

Descobertas, discutidas no último Congresso Brasileiro de Reumatologia, renovam as esperanças de controle dessa doença que afeta 2 milhões de brasileiros

Por André Biernath
Atualizado em 25 jul 2018, 17h25 - Publicado em 11 nov 2016, 08h30
artrite
A ciência vem trazendo muitas novidades sobre a artrite reumatoide (Foto: Tomás Arthuzzi/SAÚDE é Vital)
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A artrite reumatoide é marcada por um ataque das próprias células de defesa às articulações. Se nenhum tratamento entra em cena, causa dores, deformidades nas juntas e incapacidade física. Fomos ao último Congresso Brasileiro de Reumatologia, em Brasília, conferir quais as últimas novidades sobre o assunto…

1. Dá para prever a encrenca

Pesquisas recentes sugerem que, até 15 anos antes do prejuízo às articulações, ocorre um aumento silencioso de substâncias maléficas relacionadas à artrite. O sujeito não sente nada, mas seu organismo já passa por mudanças que levarão à enfermidade. “Daí a ideia de flagrar e contra-atacar inclusive com remédios antes de os primeiros sintomas aparecerem”, vislumbra a médica Licia da Mota, da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR). Esse conceito é prematuro, mas deve evoluir bastante nos próximos anos.

2. Solução pela boca

A farmacêutica Eli Lilly anunciou avanços com o medicamento baracitinibe, que inibe uma proteína envolvida no processo inflamatório da doença. “Nos estudos, ele mostrou resultados superiores ao tratamento-padrão”, conta a endocrinologista Livia Firmino, gerente médica do laboratório.
Com a vantagem de ser um comprimido — boa parte dos casos hoje é tratada com medicações injetáveis. O baracitinibe segue para aprovação de agências regulatórias. Dessa classe de fármacos, só a Pfizer já tem representante no mercado brasileiro.

3. Mais economia na farmácia

Prescrito para combater a artrite reumatoide, o infliximabe, da companhia sul-coreana Celltrion, é o primeiro remédio da classe dos biossimilares de alta complexidade a ser liberado no Brasil. Eles são produzidos a partir de moléculas biológicas já existentes e prometem reduzir o preço final de compra em cerca de 25%. “Com a expiração da patente de muitos compostos biológicos, vários biossimilares chegarão à farmácia em breve”, projeta o reumatologista Sebastião Radominski, da Universidade Federal do Paraná.

4. Uma vacina vem aí?

Uma fórmula capaz de ensinar o sistema imune a parar de destruir as articulações é o sonho de muitos reumatos. Pois cientistas da Universidade de Queensland, na Austrália, desenvolvem uma espécie de vacina para consertar o erro nas células de defesa. Em testes pioneiros, ela obteve um bom desempenho. “O projeto é sofisticado e tem possibilidade de sucesso, mas precisamos de testes mais expressivos”, avalia o reumatologista Ricardo Xavier, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

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Rede terapêutica
Os remédios disponíveis mantêm o problema sob rédea curta e permitem uma vida praticamente normal

DMARds
Drogas sintéticas, de uso oral, constituem a primeira linha de tratamento.

Biológicos
Aplicados por meio de injeções semanais ou mensais quando os DMARDs falham.

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Biossimilares
Têm ação parecida à dos biológicos. Sua vantagem é o preço menos salgado.

Inibidores de JAK
Comprimidos que atuam em uma proteína envolvida no processo inflamatório.

Atividade física
Exercícios auxiliam a recuperar a amplitude dos movimentos e minimizar a dor.

5. O papel das bactérias da barriga

Ganha cada vez mais relevância a relação do desequilíbrio na flora intestinal — conjunto de micróbios que habitam parte do sistema digestivo — com o surgimento e a gravidade do mal que inferniza as articulações. “Nós demonstramos que determinadas bactérias estão em maior quantidade em quem tem artrite e podem até ajudar a diagnosticar a condição”, revela a imunologista Veena Taneja, da Clínica Mayo, nos Estados Unidos. Em experimentos de laboratório, ratos com a doença foram tratados com probióticos (produtos com bactérias do bem) e aparentaram melhoras nos sintomas. Resta saber se uma abordagem similar surtiria efeito em seres humanos.

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6. Influência das horas do dia

Durante o congresso, o reumatologista italiano Maurizio Cutolo, professor da Universidade de Gênova, apresentou achados sobre a interação entre o relógio biológico, o sistema que dita o ritmo do organismo, e as manifestações da artrite reumatoide. “Ao longo da noite, a resposta imunológica fica mais ativa. Isso explica o fato de a maioria dos indivíduos sentir dores na parte da manhã”, relata. O especialista, que já foi presidente da Liga Europeia contra o Reumatismo, defende o uso de corticoides, fármacos que imitam a ação do hormônio cortisol, antes das horas de sono. A estratégia ajudaria a inibir a inflamação e, assim, aliviaria o desconforto matutino.

7. E das estações do ano

Por que sujeitos com artrite reclamam mais nas temporadas frias? Maurizio Cutolo encontrou uma teoria para o fenômeno na deficiência de vitamina D. Essa substância é sintetizada na pele por meio da exposição aos raios solares. No inverno, a falta de sol faz a sua produção despencar. “Só que a vitamina D é um importante regulador da imunidade”, ensina. Logo, se o sistema de defesa está bagunçado, as juntas vão pagar o preço. Algumas sociedades médicas começam a aventar a possibilidade de a suplementação de vitamina D entrar no rol terapêutico. “Contudo, convém esclarecer que o uso de megadoses como tratamento da doença ainda não tem comprovação científica”, diz Licia.

8. Falta conversa no consultório

Uma pesquisa encomendada pela Pfizer entrevistou 1 736 reumatologistas e 3 987 adultos com artrite reumatoide e apontou um déficit de comunicação entre eles. Cerca de 65% dos profissionais disseram que os pacientes não são sinceros sobre o seu estado de saúde, enquanto 72% dos portadores do problema não se sentem à vontade para debater os receios com o doutor. “Precisamos aprimorar o diálogo. Há uma grande diferença de expectativas entre as partes”, conclui o reumatologista Cristiano Zerbini, do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo.

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9. Nada de abandonar a terapia!

Alex Luiz de Oliveira, aluno do curso de farmácia da Universidade de Brasília, avaliou 103 indivíduos com artrite reumatoide e chegou a dados chocantes: 77% deles se esqueciam de usar os fármacos, 45% diminuíam as doses sem orientação e 25% desistiam dos remédios por conta própria. “Os números são piores entre os jovens, atitude que, sem dúvida, comprometerá a saúde deles mais para a frente”, lamenta.

Leia também: Droga moderna contra a atrite reumatoide chega ao SUS

10. Artérias emperradas

Uma equipe da Universidade Federal de Goiás constatou que metade dos pacientes com artrite acompanhados em ambulatório tinha hipertensão — na população geral, a incidência é de 30%. “A artrite reumatoide também inflama os vasos sanguíneos”, justifica o reumatologista Geraldo Castellar, da SBR. Daí a importância de visitar também o cardiologista.

Leia mais: Artrite muito além das juntas

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11. Deu artrite na cabeça

Quase 80% das pessoas com as juntas atacadas terão dor crônica. E um estudo da Universidade de Brasília observou que o incômodo abre caminho a abalos psicológicos e emocionais. “A dificuldade em fazer as tarefas do cotidiano pode levar até à depressão”, atesta Castellar. Para evitar essa complicação, é crucial cuidar também da saúde mental.

12. Vida sexual desconjuntada

“A artrite reumatoide causa alterações funcionais em articulações do quadril e do joelho usadas durante o sexo”, conta a reumatologista Maria de Fátima Lobato, da Universidade Federal do Pará. A professora descobriu que 67% de 73 pacientes examinadas passavam por apertos nessas horas. Pedir orientação ao médico ajuda a driblar limitações.

13. Sono fora dos eixos

Dados do Hospital Universitário Evangélico de Curitiba indicam que só 18% dos portadores do problema articular dormem bem. O restante está sob risco de sonolência diurna e apneia do sono. “A fadiga é, de fato, uma manifestação frequente”, nota Radominski. Ao cumprir o tratamento e aderir a hábitos saudáveis, cai a probabilidade de sono e ânimo sumirem.

74 % dos médicos acham que os pacientes se conformam com pequenas melhorias

83% dos que sofrem com a doença desejam tomar menos remédios

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