O dado é alarmante. Segundo um novo estudo da Federação Mundial de Obesidade, o número de crianças e adolescentes de 5 a 17 anos que estão acima do peso deve pular de 220 para 268 milhões em menos de uma década. E, dentro dessa turma, a projeção é que cerca de 91 milhões será obesa. Com o excesso de gordura, vêm diversas encrencas. Prova disso é que, segundo a pesquisa, 28 milhões dos pequenos terão hipertensão, 39 milhões estarão com gordura no fígado e 4 milhões com diabete tipo 2, doença que sempre foi conhecida por acometer pessoas mais velhas.
Estima-se que 80% das crianças com quilos extras serão de países menos desenvolvidos. De acordo com os autores do levantamento, os sistemas de saúde desses locais enfrentarão um rápido aumento na demanda para o tratamento de doenças crônicas, e a produtividade econômica será reduzida. “Os governos sabem que o quadro é insustentável, e fazer nada não é uma opção”, comenta Ian Caterson, presidente da Federação.
O médico Tim Lobstein, diretor de política da entidade, e autor da pesquisa, observou que o consumo de refrigerantes e comidas gordurosas aumentou no mundo inteiro. Além disso, as crianças andam mais sedentárias. Para completar, ele diz que as propagandas de junk food continuam a influenciar as escolhas à mesa e um número cada vez maior de famílias com baixa renda vive em ambientes urbanos – uma receita que muitas vezes culmina no ganho de peso. Para o médico, medidas severas devem ser tomadas, incluindo taxar determinados itens alimentícios e restringir a publicidade.
O QUE ESTÁ AO NOSSO ALCANCE
Melhorar a alimentação da garotada
Os hábitos alimentares são criados precocemente. Aos seis meses, quando chega ao fim o período de aleitamento exclusivo, é hora de oferecer ingredientes repetidas vezes e de formas diferentes (apostando em consistências diversas). É importante que a dieta da criança seja igual a dos pais. Logo, espera-se que os progenitores tenham uma alimentação equilibrada – até porque o bom exemplo faz toda a diferença na construção de hábitos bacanas. Durante essa empreitada, também é necessário estabelecer limites. Deixar o filho comer qualquer coisa não é um bom caminho (mas também não precisa ser muito rígido). Para aumentar o interesse da criança por comida, alguns macetes podem ajudar, como pedir uma mãozinha dos pequenos na cozinha (eles podem lavar a salada ou pegar ingredientes na geladeira, por exemplo), deixar que explorem os alimentos com as mãos, levá-los às compras na feira ou no supermercado e por aí vai.
Estimular a molecada a se exercitar
+ De 0 a 5 anos
Para desenvolver as habilidades motoras básicas e ganhar equilíbrio e coordenação, é preciso tempo e espaço para andar, correr, pular, chutar etc. Enfim, tudo o que for lúdico. Vale até colocar o colchão no chão para as cambalhotas.
+ De 6 a 8 anos
Hora de combinar os movimentos: correr e saltar, por exemplo. Nessa etapa, é possível iniciar os esportes em grupo, mas com ênfase na parte recreativa, para incentivar a socialização – aqui começam as comparações entre o próprio desempenho e o dos amigos.
+ De 9 a 12 anos
A garotada começa a testar os limites – o mais forte, o mais rápido. Embora já exista a noção de moralidade e regras, não é bom incentivar a competição. Sem o domínio das habilidades motoras, alguns podem se ressentir. Afinal, nessa faixa, nem todos têm controle da frustração.
+ De 13 a 18 anos
Quem tiver provado diferentes atividades saberá identificar as preferidas e aquelas em que tem melhor desempenho. Mas a diversão nunca pode ser deixada de lado. Para os que competem, um alerta: não dá para esquecer os estudos. O esporte só prejudica o aprendizado quando rouba muitas horas que deveriam ser dedicadas aos livros.