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Diarreia em crianças: quando os pais devem se preocupar?

Pediatras alertam sobre a importância de observar sinais de desidratação; diarreia ainda é uma das principais causas de mortes de crianças menores de 5 anos

Por Gabriela Malta*, da Agência Einstein
Atualizado em 11 jul 2023, 14h30 - Publicado em 11 jul 2023, 14h24
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Diarreia provoca mais de mil mortes por dia em todo o mundo, segundo a OMS (Foto: Alexas_Fotos/Unsplash/Divulgação)
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A diarreia é uma das principais causas de mortes de crianças menores de cinco anos. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a diarreia provoca mais de mil mortes por dia em todo o mundo, principalmente em países com falta de saneamento básico e baixos índices de vacinação.

A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) divulgou recentemente um Guia Prático de Atualização sobre diarreia aguda infecciosa com uma atenção especial em relação às formas de diagnosticar e monitorar o paciente para evitar a internação e administração de soro endovenoso de forma desnecessária.

Voltado para os médicos, o guia aborda informações sobre quando e quais medicamentos os profissionais devem adotar no tratamento da diarreia aguda e sobre o uso de probióticos em distúrbios gastrointestinais.

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“Alguns probióticos podem ajudar a reduzir a duração da diarreia em até um dia. A gente sabe que esse efeito pode ser importante para o bem-estar da criança e para a rotina da família, já que a criança com diarreia não pode ir para escola ou para a creche. Mas a administração de probióticos deve ficar a critério do pediatra, pois não são todos os tipos que são recomendados”, explica a pediatra Maria do Carmo Barros de Melo, do Departamento de Gastroenterologia da SBP.

O guia traz também a recomendação de administração de zinco, que pode reduzir a duração do quadro e ocorrência de novos episódios em crianças menores de cinco anos. “Mas é o pediatra quem deve estar atento e avaliar se seu paciente precisa ou não deste tratamento”, recomenda a pediatra.

Como identificar diarreia aguda em crianças?

A OMS define diarreia aguda como “a mudança do hábito intestinal caracterizada pela ocorrência de eliminação de três ou mais evacuações menos consistentes ou líquidas” por dia, com duração de até 14 dias.

Portanto, pais ou responsáveis devem estar atentos com a frequência, quantidade e consistência das fezes da criança. A médica explica que bebês em aleitamento materno exclusivo costumam evacuar mais vezes ao dia, às vezes após cada mamada, e não se trata de diarreia.

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Os pais devem prestar atenção em outros sinais de desidratação, como olhos fundos, boca seca, diminuição de urina, ausência de suor e sede e vômitos excessivos.

Se o bebê ou a criança estiver com diarreia, mas sem sinais de desidratação, ou seja, não perdeu peso, estão alertas, estão com a boca úmida, sem sede excessiva e, se choram, há lágrimas, o tratamento pode ser feito em casa e consiste, principalmente, em manter a criança hidratada.

“Os responsáveis devem aumentar a oferta de líquidos, de preferência água, e, após cada episódio de diarreia, administrar o soro de reidratação oral (SRO), disponível no SUS [Sistema Único de Saúde] ou nas farmácias. Não devem oferecer refrigerantes ou bebidas ‘adoçadas’”, orienta a pediatra.

Segundo o guia da Sociedade Brasileira de Pediatria e de acordo com as orientações do Ministério da Saúde, o volume de SRO a ser oferecido após cada evacuação diarreica varia de acordo com a idade da criança:

  • Crianças menores de um ano: de 50 a 100mL de SRO
  • Crianças entre um e dez anos: 100 a 200mL de SRO
  • Acima de dez anos: o volume tolerado
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Quando procurar ajuda médica?

A pediatra enfatiza que, caso não haja melhora do quadro ou perda de peso, aumento da frequência ou do volume da diarreia, vômitos repetidos, sangue nas fezes, ou outros sinais de desidratação como diminuição da diurese, sede excessiva ou recusa de alimentos, a criança deve ser avaliada por um médico.

“A gente sempre pede para que os pais observem o estado geral da criança. Se ela estiver muito caidinha, sem fazer xixi, com muita sede e vômitos frequentes, aí chegou o momento de uma avaliação médica”, diz a pediatra Gabriela Bonente, médica intensivista pediátrica do Hospital Israelita Albert Einstein.

Bonente explica que o tratamento do paciente com diarreia pode envolver administração de medicamentos antipiréticos, antieméticos ou antibióticos, dependendo dos sintomas, e administração de soro de reidratação via endovenosa em unidade hospitalar, dependendo da gravidade do caso.

+ Leia também: Imunidade infantil: como fortalecer a saúde das crianças no pós-pandemia

A importância da vacinação

Vírus como o rotavírus, norovírus e adenovírus são a principal causa de diarreia aguda e o rotavírus é o agente mais frequente de diarreia grave em crianças menores de cinco anos de idade. Segundo o Ministério da Saúde, infecções por rotavírus provocam mais de 200 mil mortes por ano no mundo.

Resultados de uma pesquisa coordenada pela OMS com a participação da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) apontam que o rotavírus é responsável por 33% das internações.

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Mas, segundo Melo, do Departamento de Gastroenterologia da Sociedade Brasileira de Pediatria, com o início da vacinação para rotavírus este cenário tem mudado um pouco: “por esta razão é muito importante manter o cartão de vacina em dia”, diz.

A transmissão se dá por via fecal-oral, por meio do contato pessoa a pessoa, ingestão de água e alimentos contaminados, contato com objetos contaminados e propagação aérea por aerossóis. Além disso, o rotavírus pode ser encontrado em altas concentrações nas fezes de crianças infectadas.

Por isso, os especialistas citam a vacinação contra rotavírus como uma das principais medidas de prevenção. Bonente explica que tanto no SUS quanto na rede particular têm vacinas contra o rotavírus.

+ Leia também: Me vacina, mãe!

“A única diferença é que a vacina disponível no SUS protege contra um tipo de rotavírus e a disponível na rede particular protege contra cinco tipos. Mas, sabemos que a vacina que protege contra um tipo já é suficiente para reduzir os números de casos graves porque a vacina protege indiretamente contra os demais tipos também.

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Então, mesmo que a criança pegue o vírus, a infecção será muito mais branda se ela estiver vacinada”, diz.

O esquema de vacinação contra o rotavírus humano é de duas doses, exclusivamente via oral aos dois e quatro meses de idade, sendo que a primeira dose pode ser administrada a partir de um mês e 15 dias e, a segunda dose, pode ser administrada a partir de três meses e 15 dias até sete meses e 29 dias.

Além de manter a carteira de vacinação em dia, outras medidas que ajudam a prevenir a transmissão e contaminação por rotavírus são:

  • Lavar sempre as mãos, com água limpa e sabão, antes e depois de utilizar o banheiro e preparar ou manipular alimentos.
  • Descartar fraldas e lixo corretamente, ou seja, de uma forma que não contamine o solo e fontes de água.
  • Lavar e desinfetar as superfícies, utensílios e equipamentos usados na preparação de alimentos e conservar alimentos perecíveis na geladeira.
  • Aleitamento materno seguindo as recomendações do Ministério da Saúde, ou seja, exclusivamente até os seis meses e continuada até os dois anos de idade, pois os anticorpos da mãe também protegem o bebê.

*Esse conteúdo foi publicado originalmente na Agência Einstein

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