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Adolescentes são principais transmissores da meningite

Mortalidade da versão bacteriana da doença fica entre 20%. Dos sobreviventes, 20% podem ter sequela auditiva, de fala, motora ou cognitiva

Por Angelica Vilela, de Abril Branded Content
Atualizado em 9 mar 2020, 14h38 - Publicado em 27 jan 2020, 09h00
Cerca de 20% dos jovens brasileiros levam consigo alguns dos principais agentes causadores da meningite, por isso a vacinação torna-se ainda mais importante (iStock / SDI Productions/Abril Branded Content)
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Enquanto os filhos são crianças, é mais fácil manter a caderneta de vacinação em dia, afinal, não é preciso convencê-los a levar uma injeção ou receber uma gotinha. Mas, quando são adolescentes, a prevenção de qualquer doença é um desafio para os pais e até para os profissionais de saúde.

“Como os pais são os gerenciadores da saúde dos filhos, eles precisam continuar seguindo o calendário de vacinação do adolescente e convencê-los a serem vacinados para estar com a proteção em dia”, orienta o médico Renato Kfouri, presidente do Departamento de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria. “Vacinação deve fazer parte de um contexto de orientação da saúde global do adolescente, como sexo seguro, prevenção de gravidez, uso de anticoncepcional, prevenção de acidentes e consumo de tabaco ou álcool.”

Quando se fala na prevenção da meningite, essa preocupação é ainda maior, já que, além do risco de contaminação, os adolescentes são os principais transmissores da doença.¹ Segundo o médico, como cerca de 20% dos jovens brasileiros levam consigo alguns dos principais agentes causadores da enfermidade, os meningococos, a vacinação torna-se ainda mais importante. “Ao oferecermos a vacina, estamos não só protegendo os adolescentes contra a meningite, mas também eliminando deles o status de portador da bactéria. Essa medida reduz a taxa da doença em todas as faixas etárias, mesmo entre não vacinados.”

E a doença é grave. No Brasil, a mortalidade por meningites bacterianas, segundo o especialista, fica em torno de 20%. “E pelo menos 20% dos que sobrevivem podem ficar com algum tipo de sequela em funções auditivas, de fala, motoras ou cognitivas.”

O que é

A meningite é uma inflamação da meninge, membrana que reveste o sistema nervoso e atua como uma barreira protetora do cérebro e da medula espinhal. Ela pode ser causada por vários agentes, entre eles vírus e bactérias.¹ As meningites virais são as mais frequentes, independentemente da idade, mas também as menos graves. “Geralmente são benignas, com evolução e cura espontâneas”, diz o especialista.

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Já a meningite bacteriana, a mais perigosa, geralmente é transmitida de pessoa para pessoa, por meio das vias respiratórias, por gotículas e secreções das vias aéreas superiores (contato próximo, tosse e beijo).¹ Na escola e nas baladas, considerando o ambiente fechado e cheio de jovens, o potencial de infecção é ainda maior.

A evolução da doença é muito rápida. “Os sintomas iniciais são mal-estar, dor de cabeça, febre, vômito e pescoço rígido. Em pouco tempo, ela pode evoluir para quadros mais graves, com confusão mental e até perda de consciência”, afirma Kfouri.

Isso acontece porque a meninge está próxima do sistema nervoso e, uma vez infeccionada, pode afetar áreas que controlam funções motoras, cognitivas, visuais, auditivas, entre outras. “Pacientes com meningite podem ter sequelas graves ou mesmo morrer em até 48 horas”, alerta o médico. “Por isso a vacinação é tão importante.”

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O tratamento é feito com antibiótico. Kfouri explica que pode levar alguns dias para descobrir a bactéria específica que causou a doença, então o tratamento é iniciado com um espectro de proteção grande. “A resposta ao tratamento e seu sucesso dependem da precocidade da intervenção”, diz.

Mudanças

O principal agente causador da meningite entre os adolescentes são os meningococos, explica Kfouri. “Temos uma dúzia de tipos diferentes, mas, no Brasil, quatro deles respondem pela quase totalidade de casos em jovens: os tipos B, C, W e Y.”

Até 2019, só havia vacina contra o tipo C, ofertada tanto para crianças até 2 anos de idade como para adolescentes até 14 anos. O tipo C é o mais comum entre esses públicos, entretanto é mais difícil encontrar sua vacina para comprar, pois os fabricantes em todo o mundo dão preferência às vacinas quadrivalentes, que proporcionam uma proteção mais abrangente. Por isso, o Ministério da Saúde disponibilizará na rede pública, ainda em 2020, uma vacina ainda mais ampla para a faixa etária de 11 e 12 anos: a quadrivalente ACWY, que protege contra a bactéria dos sorogrupos A, C, W e Y. “Isso é bom para o programa de prevenção, especialmente porque adolescentes viajam com mais frequência para outros países e, com essa vacina, sua proteção é ampliada”, diz Kfouri.

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A Sociedade Brasileira de Pediatria e a Sociedade Brasileira de Imunizações recomendam a vacina para todas as crianças a partir dos 3 meses de idade, adolescentes e adultos, dependendo do status vacinal prévio. Aqui no Brasil, a meningite é considerada uma doença endêmica, ou seja, há casos da doença ao longo de todo o ano, com a ocorrência de surtos e epidemias ocasionais. As meningites bacterianas são mais comuns no outono-inverno e as virais, na primavera-verão, segundo o Ministério da Saúde.¹ Vale lembrar que a vacina está disponível durante todo o ano em mais de 37 000 postos em todo o país.¹

 

Referências

  1. Ministério da Saúde. Meningite: o que é, causas, sintomas, tratamento, diagnóstico e prevenção. Disponível em: <https://saude.gov.br/saude-de-a-z/meningites#>. Acesso em: 14 jan 2020.
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