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O coração das brasileiras está em perigo

Pesquisa indica que as mulheres apresentam fatores de risco clássicos para doenças cardiovasculares

Por José Francisco Kerr Saraiva, cardiologista*
17 out 2019, 14h23

A pesquisa Saúde Cardiovascular da Mulher Brasileira foi feita com os seguintes propósitos: avaliar os hábitos cotidianos e os fatores de risco cardíacos em pacientes assistidas em unidades básicas de saúde e centros de referências. Realizado pela Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp) e pela Fundación MAPFRE, o trabalho teve as análises divididas em dois grupos de estudo.

No primeiro, foram avaliadas 93 605 pessoas acima de 18 anos, em mais de 500 unidades básicas de saúde da região metropolitana de São Paulo e da grande Campinas (três pessoas foram desclassificadas por ausência de critérios básicos, como idade ou sexo). Dentre os participantes, 62 200 eram mulheres e 31 402, homens — a participação deles ajudou a comparar pontos importantes relacionados ao sexo, como acesso ao sistema de saúde, hábitos de vida, prevalência de fatores de risco, níveis de estresse e risco cardiovascular de um evento futuro ocorrer nos próximos 10 anos.

Já a segunda análise abrangeu 2 234 pessoas, sendo 720 mulheres atendidas em diferentes unidades de saúde no Brasil, particulares ou públicas. Nesse caso, porém, a ideia era analisar o manejo dos pacientes com doença cardiovascular estabelecida. É que esse grupo apresenta um alto risco de sofrer um novo evento cardiovascular ou de morrer.

Os resultados

No contexto cardiovascular, os serviços de atendimento, como as unidades básicas de saúde, são mais utilizados por mulheres. O estudo indica que, embora o público feminino apresente comportamentos mais benéficos para a saúde, ainda existe elevada prevalência de fatores de risco clássicos entre elas.

Vale frisar que uma variável importante da pesquisa mostrou que a maioria das mulheres tem risco cardiovascular moderado e os homens, mais elevado. A avaliação se baseia em fatores como pressão sistólica, índice de massa corporal (IMC), presença de diabetes, sexo, idade e tabagismo.

As mulheres consomem com mais regularidade frutas, legumes e verduras, o que ajuda a reduzir em aproximadamente 30% o perigo de infarto em nossa população. Em contrapartida, no grupo estudado, a prática de atividade física é menor no universo feminino – para ter ideia, ficou abaixo de 28%. O índice é preocupante, pois exercícios regulares proporcionam duas vezes mais benefícios cardiovasculares preventivos às mulheres em relação aos homens.

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O tabagismo, que aumenta em quase três vezes a possibilidade de ocorrer um infarto, tem prevalência menor entre mulheres (15%) do que homens (18%). Porém, as pacientes têm maior dificuldade de parar de fumar, o que pode ser atribuído a fatores como o estresse.

Estresse: um perigo menosprezado

É preocupante observar que, na pesquisa, as mulheres são as que mais relataram ter passado por um estresse importante no último ano. O problema, em suas formas mais graves, afeta mais a população feminina no ambiente domiciliar, no trabalho, na convivência social e no aspecto financeiro.

Isso precisa ser observado com atenção, pois estresse e depressão são fatores de risco que globalmente aumentam entre duas a cinco vezes a probabilidade de um infarto e de acidente vascular cerebral (AVC).

Sem falar que a população brasileira está entre as que mais sofrem as consequências desses quadros que abalam a saúde mental. De acordo com o INTERHEART, grande estudo internacional que avaliou mais de 30 mil indivíduos em 52 países, a presença de estresse entre os brasileiros aumenta em oito vezes o risco de infarto — o dobro do que na Argentina e quatro vezes mais do que na Colômbia.

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A pesquisa corroborou o fato de grande parte dos brasileiros conviver com limitações financeiras, exposição à violência e fragilidades do ambiente social. O sistema de saúde pública tem imensa dificuldade de atender 100% da população de modo gratuito, universal e sem discriminação.

Tais problemas refletem-se mais ainda entre as mulheres negras e pardas, que representam 67% das pacientes avaliadas. Entre elas, 56% relataram possuir pressão alta — 52% usam anti-hipertensivos. Essa parcela também exibe menores frequências de hábitos saudáveis, considerando prática de atividades físicas e alimentação com frutas, verduras e legumes, além de mais estresse financeiro.

No geral, a população feminina sofre com a alta prevalência dos fatores de risco clássicos para doenças cardíacas. Não podemos perder essa informação de vista.

*José Francisco Kerr Saraiva é médico e presidente da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp)

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