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Grãos refinados são vilões do coração

Um grande estudo liga o excesso de alimentos à base desses ingredientes com maior risco de problemas cardiovasculares. Autor desse trabalho conta a história

Por Álvaro Avezum, cardiologista*
Atualizado em 22 mar 2021, 18h38 - Publicado em 22 mar 2021, 09h51

Pãozinho, macarrão, biscoitos, bolos e outros itens feitos com farinha de trigo e grãos refinados são inimigos para o coração, se consumidos em excesso. A percepção que já tínhamos no dia a dia agora está na conclusão do estudo Prospective Urban and Rural Epidemiology (PURE), publicado no British Medical Journal no início deste ano.

Nesse trabalho, eu e colegas analisamos informações de mais de 137 mil pessoas em 21 países, incluindo o Brasil. Entre elas, ocorreram 9 279 mortes e 8 833 eventos cardiovasculares durante período de observação, que foi de 9 anos e meio. A pesquisa se baseou nas respostas de questionários criteriosos e validados para a população brasileira. O objetivo foi avaliar a possível associação entre a ingestão de grãos refinados, grãos inteiros e arroz branco com doenças cardiovasculares (DCVs), mortalidade, lipídios no sangue e pressão arterial.

Os dados se revelaram preocupantes. Daqueles que afirmaram comer pelo menos 350 gramas de grãos refinados por dia – o equivalente a sete porções –, houve aumento de 29% nas taxas de mortalidade e de 33% nos eventos cardiovasculares (infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral e insuficiência cardíaca). Isso em comparação com aqueles que consumiram menos de uma porção por dia (cerca de 50 gramas).

Por que isso acontece? Os grãos refinados sofrem uma ação rápida por enzimas digestivas e uma absorção igualmente veloz pelo intestino, que pode levar ao aumento nas concentrações de glicose no sangue. Isso, por sua vez, eleva a insulina, provocando hipoglicemia, lipólise e o estímulo da fome, com riscos de ocasionar, inclusive, a obesidade.

O estudo registrou essa associação negativa em ambientes e culturas diferentes, com padrões alimentares variados. O PURE tem a vantagem de examinar dietas de diversas populações em países de baixa, média e alta renda em várias regiões do mundo.

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Vale lembrar que os grãos de cereais contribuem com aproximadamente 50% da ingestão calórica da população global. Níveis mais elevados são vistos em países de baixa e média renda, especialmente na África e no Sul da Ásia. Nessas regiões, são responsáveis por cerca de 70% das calorias diárias.

Separando o joio do trigo

A análise PURE, porém, não mostrou associação significativa entre o consumo de grãos integrais ou de arroz branco e as intercorrências cardiovasculares. No caso do arroz, existem fatores subjetivos, como a necessidade de preparo ou o fato de ele acompanhar outras comidas saudáveis, que devem ter contribuído para tirá-lo dessa lista negativa.

Mas não encare o dado como uma liberação geral. Nossas descobertas apenas sugerem que a ingestão de até 350 gramas de arroz cozido por dia não representa risco significativo para a saúde.

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Já os grãos integrais foram absolvidos. Eles entram no intestino embalados em suas estruturas celulares, o que retarda a digestão e evita o fornecimento de açúcar de uma forma anormalmente rápida, como acontece com os grãos refinados.

Diante de um estudo criterioso, válido e confiável, com dados tão reveladores, reafirmamos a ideia de que a saúde e a doença compartilham a mesma mesa. Cabe a nós fazermos as escolhas certas em nome do coração.

* Álvaro Avezum é cardiologista, diretor da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo – SOCESP e do Centro Internacional de Pesquisa do Hospital Alemão Oswaldo Cruz e pesquisador principal do PURE no Brasil

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