Estudos científicos enormes demonstraram que pessoas com colesterol elevado, em especial o LDL — a versão ruim — têm chance muito maior de apresentar infarto e derrame do que aquelas com níveis normais. Claro que outras condições também podem levar ao infarto (diabete, hipertensão, obesidade…), mas o tratamento do colesterol tem impacto direto e importante na diminuição de doenças cardiovasculares.
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Um dos medicamentos mais eficazes nesse sentido são as estatinas, que agem no metabolismo do colesterol no interior do nosso organismo e cuja eficácia é comprovada. A despeito do grande número de evidências disponíveis na literatura médica, porém, é comum surgirem rumores, na maior parte das vezes sem base científica ou apoiados apenas em suposições, que questionam o uso e a indicação dessa classe de drogas.
Para dirimir quaisquer dúvidas, foi publicado um importante conteúdo, no final de 2016, na respeitada revista científica The Lancet. Os pesquisadores analisaram, de modo cuidadoso e crítico, grande número de estudos, englobando dezenas de milhares de pacientes.
O trabalho demonstrou que estatinas, quando usadas para tratar pacientes com colesterol elevado ou que já tenham placas de gordura nas artérias, diminuem significativamente as taxas de infarto e morte provocada por problemas cardiovasculares. Isso deixa claro que essa classe de remédios é fundamental na estratégia de queda da mortalidade por doenças do coração no mundo todo.
Os efeitos colaterais, que podem incluir desde dores musculares até outros mais sérios, existem — e os profissionais que prescrevem o medicamento devem estar atentos a eles. Mas o benefício trazido supera em muito o risco potencial que o tratamento apresenta.
Desde que prescritos de modo correto, esses agentes são eficientes e seguros, podendo prevenir infartos, acidentes vasculares e óbitos.
Trata-se de um assunto relevante para a saúde pública do nosso país. Segundo estatísticas do próprio Ministério da Saúde, cerca de 40% dos brasileiros têm colesterol alto. Para o Brasil, portanto, é importante que os tratamentos destinados a reduzir esses índices sejam eficazes e estejam ao alcance da população.
Nesse contexto, as estatinas, apesar de toda a polêmica em torno de sua administração nos últimos anos, continuam sendo eficientes e com preço razoavelmente acessível. Aliás, muitas vezes estão disponíveis na cesta básica de medicamentos de alguns estados. Esse é um fator relevante, considerando que, não raro, o fármaco é de uso contínuo.
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O que não dá é, sob a alegação de termos uma opção como essa, esquecermos dos hábitos saudáveis. É crucial abandonar o hábito de fumar, controlar a pressão arterial e a glicemia, equilibrar a dieta e fazer exercícios físicos. Esses também são fatores decisivos para manter o colesterol domado.
Evite ficar apenas na dependência dos tratamentos médicos. Não há remédio mais eficiente do que uma atitude correta com o nosso organismo quanto a hábitos cotidianos balanceados! Entretanto, quando necessário, o uso correto de medicamentos pode ser o fator que salvará a sua vida. Não abdique dessa possibilidade.
*Ibraim Masciarelli Pinto é cardiologista e presidente da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (SOCESP).