Mounjaro x Wegovy: estudo mostra qual é mais potente na perda de peso
Confira o resultado da pesquisa que compara tirzepatida e semaglutida no tratamento de pessoas com obesidade ou sobrepeso

Um estudo publicado neste domingo (11) no prestigiado New England Journal of Medicine trouxe novas respostas para uma pergunta que pairava no ar entre médicos, pacientes e gestores de saúde: afinal, qual medicamento mais eficaz no tratamento da obesidade — o Mounjaro (tirzepatida 15mg) ou o Wegovy (semaglutida 2,4 mg)?
Esses dois remédios representam uma nova geração de tratamentos que vão além da simples perda de peso. Eles atuam de maneira mais complexa, regulando hormônios ligados à fome, ao metabolismo e à saciedade. O estudo SURMOUNT-5 comparou os dois em pessoas com obesidade, mas sem diabetes tipo 2, durante 72 semanas — quase um ano e meio de acompanhamento.
Como foi feito o estudo
Participaram 751 pessoas com obesidade (índice de massa corporal, ou IMC, acima de 30), sem diabetes, mas com outros riscos à saúde, como hipertensão e colesterol alto.
Todos receberam acompanhamento nutricional e foram divididos em dois grupos: um recebeu tirzepatida e o outro, semaglutida, ambos aplicados semanalmente por via subcutânea.
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O que os resultados mostraram
A diferença foi clara: quem usou tirzepatida perdeu, em média, 20,2% do peso inicial, enquanto o grupo da semaglutida perdeu 13,7%. Isso significa, por exemplo, que uma pessoa de 100 kg perdeu cerca de 20 kg com tirzepatida e cerca de 14 kg com semaglutida.
Mas não foi só isso. Quando olhamos os marcos de sucesso:
- 82% das pessoas com tirzepatida perderam ao menos 10% do peso,
- 65% perderam 15% ou mais,
- 48% chegaram a 20% de perda,
- e 32% atingiram mais de 25% de perda de peso.
Na comparação, a semaglutida atingiu esses mesmos marcos em 61%, 40%, 27% e 16% das pessoas, respectivamente.
Além da balança, a circunferência abdominal caiu 18,4 cm com tirzepatida, contra 13,0 cm com semaglutida — uma diferença importante, já que gordura abdominal está diretamente relacionada ao risco cardiovascular.
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E os efeitos colaterais?
Ambos os medicamentos causam efeitos gastrointestinais — como náuseas, constipação e diarreia — especialmente no início do tratamento, enquanto o corpo se adapta às doses crescentes.
No geral, esses sintomas foram leves a moderados, com uma taxa de desistência por efeitos colaterais um pouco maior com semaglutida (8%) do que com tirzepatida (6%).
O que isso muda na prática?
A principal mensagem é que temos duas opções eficazes e seguras para combater a obesidade, uma doença crônica, progressiva e que afeta milhões de pessoas no Brasil e no mundo.
A tirzepatida demonstrou maior potência, especialmente em perdas de peso mais expressivas. No entanto, é preciso reforçar: cada caso é único. Há quem responda enormemente à semaglutida.
Além disso, a tolerância individual aos medicamentos pode variar. Por isso, a decisão do tratamento ideal deve sempre ser feita em conjunto com o médico, respeitando a individualidade e os objetivos de cada pessoa.
Acesso com responsabilidade
Tanto tirzepatida quanto semaglutida são medicamentos de alto custo. Seu uso indiscriminado por quem não precisa — apenas por fins estéticos ou modismos — pode comprometer o acesso daqueles que realmente têm indicação clínica, prejudicando o equilíbrio dos sistemas de saúde.
Por outro lado, restringir demais pode negar tratamento a quem está lidando com as consequências da obesidade e não consegue reduzir o peso corporal com meohora do estilo de vida. O caminho do meio está em construir estratégias de acesso justas, baseadas em critérios técnicos, e que priorizem quem mais precisa.
E é com esse espírito que devemos seguir: evitando o uso de quem não precisa, e facilitando o acesso para quem mais se beneficia.