Já temos evidências epidemiológicas apontando que pessoas com diabetes têm um risco de 73% de desenvolver demências com o avançar da idade — e um risco de 56% de enfrentar a doença de Alzheimer em si.
O reverso também é verdadeiro: pessoas com Alzheimer encaram uma maior probabilidade de ficar com diabetes. O ponto intrigante é que, até o momento, não sabemos exatamente os mecanismos biológicos que unem ambas as doenças.
Um estudo recente, publicado no periódico médico Diabetes Care, avaliou dados do sistema de saúde britânico e contemplou mais de 450 mil pessoas com diabetes acima de 50 anos. Durante o seguimento, os pesquisadores do Imperial College de Londres detectaram quais características são indicativas para maior risco de demência.
O principal preditor foi a presença de hipoglicemias constantes: um risco aumentado em 30%. Além disso, pessoas que já tinham algumas sequelas do diabetes (como nos olhos ou nos rins) apresentavam um risco 10% maior. Níveis de glicose frequentemente elevados nos primeiros três anos de diagnóstico do diabetes ou grandes oscilações na glicemia foram outros fatores associados à demência.
Esses dados tornam mais clara a mensagem: controlar o açúcar no sangue desde o início da detecção do diabetes, evitar hipoglicemias e prevenir sequelas são medidas bem-vindas para afastar também o declínio cognitivo e males como o Alzheimer.
Os médicos que cuidam de pessoas com diabetes devem ficar atentos a sintomas neurológicos sugestivos de demência e realizar testes clínicos para o diagnóstico em caso de qualquer suspeita. Hoje, a Associação Americana de Diabetes recomenda que sejam feitos testes neurológicos anuais em todas as pessoas com diabetes acima dos 65 anos de idade.
Cuidar da cabeça é mais um motivo para manter o diabetes sob controle.