O Brasil recebeu estarrecido a informação do falecimento de Abilio Diniz, aos 87 anos. A mídia, em grande parte, tem abordado sua biografia com foco na figura de empresário bem sucedido, do gerador de empregos. Mas eu o acompanhava nas redes sociais pelo seu esforço em mostrar, na prática, o que é um estilo de vida saudável.

Preocupação em realizar exercícios diários (várias vezes ao dia) era uma tônica. Musculação, bicicleta, squash, esteira… ele fazia de tudo um pouco.

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Atendo muitos empresários de destaque. E o perfil é ver pessoas focadas 101% no trabalho, mas cuidando pouco delas mesmas. Canso-me de presenciar mortes prematuras de grandes empresários ou ver pessoas vivas, mas com péssima qualidade de vida, apenas sobrevivendo.

A vontade de Abilio influenciar com o próprio exemplo era tanta que ele chegou ao ponto de criar um portal de saúde e longevidade chamado Plenae. Tudo isso além de inúmeras palestras sobre saúde e estilo de vida saudável.

Hoje em dia, é relativamente comum ver médicos falando de saúde na internet. Mas era inusitado ver um investidor de sucesso gastar tempo e energia neste tema. E confesso que achava isso o máximo.

Abilio Diniz certamente atingiu muitas pessoas que os médicos não atingiriam. Com isso, deve ter salvado muitas vidas.

Em um de seus últimos vídeos publicados, ele estava no alto de uma montanha nevada explicando que não esquiaria desta vez por estar em recuperação de uma cirurgia no joelho. Em plenos 87 anos.

Segundo ele mesmo disse em várias entrevistas, ele tinha excesso de peso quando criança. E mal sabia ele que a obesidade infantil se tornaria um problema de saúde pública no século 21.

Investir em saúde e numa vida saudável, desde a infância, foi o melhor investimento que ele fez. Investimento de longo prazo, com muita disciplina.

Ele conseguiu uma façanha dificílima: unir sucesso financeiro com saúde. Esse talvez seja o “sonho de consumo” de todo o mundo. Mas poucos têm a disciplina que ele teve. Nem entre os profissionais de saúde costumamos encontrar essa motivação.

Abilio se foi precocemente aos 87 anos? Sim! Aparentemente, ele estava em plena forma física e mental.

Mas não existe uma cartilha que, se seguida à risca, vença a finitude das nossas vidas. Abilio poderia ter morrido antes, quando foi sequestrado décadas atrás. Poderia – queria eu que fosse assim! – ter vivido mais anos para seguir mostrando como dá para buscar saúde em qualquer fase da vida.

Nem um, nem outro. Ele nos deixou no dia 18 de fevereiro, em função de uma insuficiência respiratória.

Essa é a vida, sempre pregando peças e trazendo dúvidas sobre o futuro. A certeza que temos é que, a exemplo do Abilio, a busca diária por uma vida saudável nos permite viver plenamente todos os anos que tivermos – e, em geral, são mais anos do que teríamos sem esses hábitos.

Deveríamos então, como Abilio, fazer a nossa parte diariamente. A nossa saúde deve ser cuidada por nós mesmos. Não dá para terceirizar.

Em termos de investimento, não dá para fazer day-trade com a saúde. A forma mais simples e eficaz é o investimento de longo prazo.

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