Considerando os riscos da obesidade, nascer menor seria bom para o bebê?
Será que menos é mais? Nosso colunista explica por que a história não é bem assim
O tamanho de cada criança é definido não só pela sua carga genética, mas também pelo ambiente que a envolve.
Nesse sentido, as influências do meio se iniciam já dentro do útero, possibilitando que o bebê nasça grande, adequado ou pequeno em relação ao esperado para a idade gestacional que se encontra no momento do parto.
Essa informação pode ser encontrada no resumo de alta da maternidade, pois é muito importante para o acompanhamento pediátrico.
Aqueles nascidos PIG (ou seja, pequenos para a idade gestacional) equivalem a 2,5% da população – para se enquadrar aqui, o peso e/ou o comprimento da criança podem estar abaixo da média logo após o parto.
Há diversas razões para uma criança ser PIG. Desde sua própria constituição (padrão da família), até uma síndrome genética, passando por motivos causadores de restrição do crescimento dentro do útero.
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Ou seja, uma realidade muito similar à da criança que nasce grande!
Esse risco seria independente do momento da gestação em que a criança nasceu. Mas novos estudos de acompanhamento longitudinal por longos períodos ainda são necessários.
O assunto ganha maior importância quando dados apontam que gestações que chegam a termo (isto é, completam os nove meses) nos países em desenvolvimento, como é o caso do Brasil, geram o dobro de crianças PIG em relação a países desenvolvidos.
Após o nascimento, a recuperação de peso e tamanho também merece atenção. Em geral, o peso já está recuperado nos primeiros 6 meses de vida.
Mas, considerando os riscos citados, é preciso evitar a “hipercorreção”, que levaria ao excesso de peso. Como aliado nessa tarefa, temos o leite materno como melhor opção!
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Já a altura pode ser recuperada até os 2 anos de vida, com o limite de 4 anos para bebês prematuros.
Aproximadamente 10 a 15% das crianças não apresentam essa recuperação espontânea, desperdiçando o potencial de crescimento que seus pais lhe transmitiram. Essa parcela precisa ser avaliada.
Eventualmente, precisamos realizar uma investigação clínica associada a exames. Em alguns casos, descobriremos doenças subjacentes que demandam cuidados – até mesmo o uso de hormônios para crescer pode ser opção.
Outro momento clínico de atenção é a puberdade. O adolescente que foi PIG não apenas pode ter início puberal adiantado, como o estirão de crescimento pode ser menor, impactando sua altura final.
Isso ocorre mais comumente em meninas que foram PIG e tiveram recuperação de crescimento de forma espontânea. Ou seja, quando parecia estar tudo bem, novos centímetros são perdidos.
Fique de olho nessas situações, e lembre-se: consultas mais frequentes e exame físico completo são cruciais nesse momento da vida para todos os pacientes.
Os efeitos da condição PIG podem perdurar para toda a vida. A atenção a suas peculiaridades associada ao acompanhamento pediátrico adequado – com suporte especializado sempre que necessário – podem fazer grande diferença na saúde dessa expressiva parcela da nossa população.