Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana
Imagem Blog

Experts na Infância

Por Blog Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Pediatras e outros experts da Sociedade de Pediatria de São Paulo discutem e ensinam medidas básicas para a criançada se desenvolver com saúde
Continua após publicidade

O que é sofrimento fetal e quais suas repercussões ao longo da vida

Especialistas discutem como a falta crônica de oxigênio para o feto pode trazer impactos que duram a vida inteira

Por Maria Regina Bentlin, Celso Rebello e Marina Carvalho de Moraes Barros, pediatras*
Atualizado em 9 set 2019, 10h01 - Publicado em 9 set 2019, 10h01
sofrimento fetal
Ultrassonografia é um dos exames capazes de flagrar o sofrimento fetal  (Divulgação/SAÚDE é Vital)
Continua após publicidade

O sofrimento fetal é caracterizado pela falta de oxigênio para o feto. Se ocorrer de forma abrupta, ele é considerado agudo – os motivos vão desde dificuldade da passagem do sangue da placenta para o bebê até sangramento materno ou alterações no cordão umbilical. A consequência é imediata: o feto lança mão de mecanismos de defesa para se adaptar à ausência de oxigênio, o que pode até levar à morte dentro do útero.

Já o sofrimento fetal crônico, como o próprio nome indica, acontece quando o feto é acometido continuamente pela falta de oxigênio e de nutrientes. Essa situação pode acontecer por problemas genéticos, placentários, fetais (síndromes genéticas e infecções congênitas) ou maternos (como hipertensão arterial, diabetes e uso de medicações, cigarro, álcool ou drogas). Para sobreviver, o feto desvia o fluxo de sangue para órgãos nobres, como cérebro, coração e suprarrenais.

O diagnóstico pode ser feito durante o pré-natal, com exames como a ultrassonografia, que avalia o bem-estar fetal, a quantidade do líquido amniótico, o desvio do sangue para cabeça e o crescimento do bebê. Tem ainda a cardiotocografia, que analisa as variações da frequência cardíaca.

Ao flagrar o quadro precocemente, o feto pode se recuperar e evoluir sem sequelas. Porém, se a falta de oxigênio e nutrientes for prolongada, isso pode levar a problemas logo após o nascimento e também na vida futura.

Impactos no recém-nascido

Dentre as várias repercussões, destacam-se as lesões cerebrais, que podem se apresentar de uma forma leve, que não deixa sequelas, até graus mais graves, capazes de causar convulsões, atraso no desenvolvimento e desnutrição.

Continua após a publicidade

Outras manifestações incluem dificuldade na manutenção da temperatura, falta de controle da glicose no sangue, problemas respiratórios e dificuldades na alimentação.

A vida futura

Independentemente da existência da lesão cerebral e da sua gravidade, existe o risco de acontecerem percalços no desenvolvimento. Eles incluem desde alterações mínimas de comportamento, déficit de atenção/hiperatividade, síndrome do espectro autista e dificuldades na aprendizagem, na leitura e na matemática, até alterações mais sérias, como paralisia cerebral.

A restrição de crescimento dentro do útero também tem sido associada a doenças na vida adulta, a exemplo de hipertensão arterial, diabetes tipo 2, obesidade, aumento do colesterol e problemas cardíacos capazes de levar a isquemia e infarto.

Continua após a publicidade

Uma das teorias para essa explicação é a de Barker, que observou que bebês nascidos nas décadas de 20 e 30 com peso abaixo de 2,5 kg apresentavam maior risco de desenvolver essas doenças quando chegavam aos 50, 70 anos. Tudo levar a crer que os indivíduos expostos a deficiência de nutrientes no ambiente intrauterino teriam seu metabolismo programado de forma a resistir a períodos de “fome”.

O dilema é que, após o nascimento, com o acesso aos alimentos e também devido a hábitos de vida (como pouca atividade física), essas adaptações se tornam negativas, predispondo a doenças. Em resumo, existe uma abundância nutricional para a qual o indivíduo não foi programado.

Por isso, nesses casos de sofrimento fetal crônico e restrição de crescimento, é importante o seguimento pediátrico periódico – com atenção especial ao crescimento, às habilidades motoras e cognitivas, ao comportamento e ao desempenho escolar. Assim, há chance de prevenir eventuais desajustes. Se isso não for possível, que eles possam pelo menos ser diagnosticados e tratados precocemente, preservando a qualidade de vida do indivíduo.

*Maria Regina Bentlin, Celso Rebello e Marina Carvalho de Moraes Barros são pediatras e membros do núcleo gerencial do Departamento de Neonatologia da Sociedade de Pediatria do Estado de São Paulo (SPSP)

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY
Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

Apenas 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja Saúde impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 10,99/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.